O Eterno sabia _ através da Sua Onisciência, Onipresença e Onipotência _ que o inimigo de nossas almas se utilizaria de grupos que viriam após Moises dizendo que “não precisavam mais seguir a Lei, pois esta seria um peso”.
Então, o próprio Eterno já havia colocado a Sua resposta para esta mentira em Deuteronômio:
Porque este mandamento, que hoje te ordeno, não te é difícil demais, nem tampouco está longe de ti.
Não está no céu para dizeres:
Quem subirá por nós ao céu, e no-lo trará, e no-lo fará ouvir, para que o cumpramos?
Nem está além do mar, para dizeres:
Quem passará por nós além do mar, e no-lo trará, e no-lo fará ouvir, para que o cumpramos?
Mas a Palavra está mui perto de ti, na tua boca, e no teu coração, para a cumprires.
Yeshua e a Lei de Elohim
A atitude de Yeshua para com a “Lei de Elohim” é exatamente o oposto a postura de “não precisavam mais seguir a Lei”:
“Não penseis que vim abolir a Torah ou os profetas; não vim para abolir, mas para torná-los plenos.
Amen! Por que vos digo que, até que o céu e a terra passem, de modo nenhum passará da Torah um só Yud ou um só traço, até que tudo seja cumprido.
Qualquer, pois, que violar uma destas mitsvot [mandamentos], por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que as cumprir e ensinar, será chamado grande no reino dos céus.” (Mat 5:17-19)
Acreditamos que Yeshua é o Messias?
Sim.
Quando Yeshua fez discípulos, ordenou que andássemos como Ele. Temos nós também de professar que não há “abolição da Torah”!
Yeshua cumpriu a lei do Eterno?
Se Ele não tivesse cumprido, Ele não poderia ser o Messias. Paulo fala: “sede meus imitadores, como eu sou do Messias”. Paulo evidentemente cumpriu a “Lei” como Yeshua cumpriu a “Lei”.
Como seguidor do Messias, tenho de viver o mesmo que Yeshua viveu. Cumprir a “Lei do Eterno” exclusivamente!
“Mas ele respondeu: Antes benditos os que ouvem a palavra de Elohim, e a observam.” (Lucas 11:28)
A palavra “observar”, em português, possui dois significados possíveis:
• Cumprir, obedecer, ou praticar;
• Espiar, espreitar, examinar, ponderar, ficar olhando a distancia sem ação.
Dentro do contexto desta passagem, fica claro que Yeshua falou: “benditos aqueles que ouvem a Palavra e a cumprem”!
Questão:
Qual era a Palavra que existia naquela época?
Como não existia o chamado “Novo Testamento” _ pois eles estavam vivendo o que seria depois narrado e escrito como tal _ a Palavra era a Torah, Salmos e os Profetas.
Portanto, somos benditos por ouvir e cumprir a Torah!
“Se me amardes, guardareis as minhas mitsvot. [mandamentos]” (João 14:15)
A advertência de Yeshua:
“Então lhes direi claramente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a violação da Torah.” (Mateus 7:23)
A versão Almeida induz ao equivoco, ao substituir a “violação da Torah” como “iniquidade”, utilizando de uma palavra que não é usual no uso cotidiano e tornando-a um conceito suave inicialmente.
Porém, a realidade do nosso idioma é que “iníquo” nada mais é que “aquele que é contrario a lei” _ que neste caso é a Torah.
“E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade”
No grego há a palavra anomia, composta por “nomos” ou “Lei” mais o prefixo “a” que significa “contra”, gerando anomia como “contra a lei”.
Na mesma direção, no aramaico temos “EOLA” que também significa literalmente “violação da Lei”.
Yeshua esta dizendo sobre aqueles que chegaram ao final dos tempos, apontando os milagres, expulsão de demônios e outras coisas e a resposta será:
“nunca os conheci, vocês que violam a Lei (Torah)”.
Iniquidade
Os Israelitas do Caminho demonstraram que as Escrituras do chamado “Novo Testamento” foram oriundas de escritos em aramaico e hebraico, ao invés da tese da origem grega defendida pela igreja católica. Mesmo a partir desta versão grega, temos a mesma conclusão na análise etimológica do termo anomia:
Grego: ανομια [anomia] (Substantivo feminino).
De ανομος [anomos] (α [a] -como uma partícula negativa- “sem”, e νομος [nomos] “Lei” = “sem lei”).
Negação da lei. Ilegalidade, falta de conformidade com a lei, violação da lei, desacato à lei, iniquidade, impiedade.
ανομια [anomia] aparece 15 vezes na versão grega do “Novo Testamento”. Em todas elas o sentido é apenas “aquele que é contrario a lei”.
YESHUA NOSSO REI
Quem Somos Somos judeus e efraimitas nazarenos, observantes da Torá e crentes no Mashiach Yeshua, vivendo a fé do primeiro século. * Não somos cristãos * Não somos missionários * Não convertemos judeus * Não somos judeus tradicionais ou ortodoxos * Não nos preocupamos em agradar a homens * Somos 100% pró-Israel * Pregamos o amor entre os povos, e a adoração a YHWH, o Único e Verdadeiro Elohim
segunda-feira, 11 de abril de 2022
sexta-feira, 27 de abril de 2018
O Estado dos Mortos
O Estado dos Mortos
(à luz dos ensinamentos e compreensão da Palavra de YHWH)
Índice
Página
1ª Parte
1. Introdução 2
2. Como foi criado o homem; a sua condição é mortal? 3
3. Que explicações encontramos para “espírito”, “alma” e “corpo”? 5
2ª Parte
4. A dúvida de alguns: qual é hoje a condição de Enoque e de Elias? 20
5. Como e onde se encontra o homem depois de morto? 25
6. Uma vez morto, o homem voltará à vida? 34
7. Fantasmas e aparições: são “espíritos” de pessoas mortas? 37
3ª Parte
8. O nosso entendimento de algumas passagens “mais difíceis” 42
9. Qual a condição dos animais depois de mortos? 54
10. O que significa a palavra “Geena” ou “Ge-henna”? 56
11. “Hades”, “Sheol” e “Inferno” o que significam? 56
4ª Parte
12. O que é o “lago de fogo”? Será o ímpio atormentado para sempre? 65
13. A vitória da Vida (Yeshua) sobre a morte 72
O ESTADO DOS MORTOS – 1ª PARTE 2
1ª Parte
1. Introdução
A condição ou o estado do ser humano após a sua morte física constituiu sempre uma
questão de difícil resposta para alguns, dada a influência oriunda de muitas crenças
orientais ou de correntes filosóficas greco-romanas, meramente humanas, que, ao longo
do tempo, foram obscurecendo a verdade intemporal do Elohim Altíssimo, Adonai YHWH,
aquela que nos é revelada na Sua Palavra.
A questão da condição/estado do homem depois de morto tem causado preocupações e
inúmeras dúvidas ao homem desde tempos muito antigos. Será que o homem do passado
compreendia estas questões melhor do que o de hoje? E nós, hoje, teremos respostas
satisfatórias para esta questão que tanto tem preocupado o ser humano ao longo dos
tempos, nas suas gerações e civilizações? É o que vamos procurar compreender neste
trabalho com base no entendimento das Escrituras Sagradas, a Bíblia, de Génesis a
Apocalipse.
Antes de mais, devemos fazer uma primeira chamada de atenção: quando usamos a
palavra “homem” tanto neste como noutros trabalhos, estamos sempre a referir-nos ao
ser humano, o que engloba tanto o homem como a mulher, adultos, uma vez que a
criança ainda não tem maturidade espiritual e intelectual para ser responsabilizada pelos
seus actos.
Sem nos querermos arvorar em mais sábios que muitos dos antigos que nos foram
deixando os seus pensamentos ao longo do tempo, do nosso ponto de vista,
consideramos que só existe uma fonte que, pelas provas de veracidade e cumprimento
integral do que ela contém e nos vem transmitindo ao longo do tempo, nos dá a
necessária garantia e segurança como elemento de consulta e de estudo, para que não
digamos algum disparate…e, mesmo assim, tal pode suceder, uma vez que vamos
procurar interpretar e compreender o que A Palavra de Elohim, a Bíblia Sagrada, nos
revela, no contexto em que cada passagem bíblica chegou até nós.
Não entraremos na análise das múltiplas teorias em que se baseiam as numerosas
religiões e filosofias orientais e/ou do Médio Oriente, nomeadamente o islamismo, o
zoroastrismo, o baha’ismo, o hinduísmo, o xintoísmo, o budismo e/ou outros “ismos”,
como as dos povos tribais primitivos ou das grandes civilizações pré-colombianas ou as
filosofias mais recentes como a “new age” (algumas muito ligadas ao espiritismo). Cada
uma destas abordagens apresenta a sua própria explicação. Mas, a quase totalidade
destas explicações têm origem no pensamento, filosofias, culturas e tradições humanas e
não na Palavra de YHWH, pelo que as descartamos neste trabalho.
Entendemos, contudo, que nesta matéria, mesmo vivendo corporalmente, o homem sem
Elohim está morto…estando espiritualmente morto porque não tem nele a vida verdadeira,
aquela que lhe é transmitida pelo Espírito do Santo de Israel. A larga maioria dos seres
humanos está assim espiritualmente morta, porque não tem O Elohim YHWH, O Elohim
Eterno, nos seus corações/mentes.O ESTADO DOS MORTOS – 1ª PARTE 3
A comprovar o que acabamos de dizer, atentemos nas palavras de Yeshua quando
convidava uns quantos a seguir os Seus passos, sendo que todos eles se escusaram,
apresentando para isso diversos motivos. Um desses seguidores pediu ao Mestre que o
deixasse primeiro ir sepultar seu pai. Qual foi a resposta de Yeshua?
Mateus 8:22 – “Yeshua, porém, disse-lhe: Segue-me, e deixa os mortos sepultar
os seus mortos”.
Simples e bem evidente. Esta resposta é emblemática e marca a condição de todo aquele
que vive sem Elohim. Porquê? Porque a Palavra nos ensina que todo o que não tem Elohim
no seu coração está morto nos seus pecados, não se tendo arrependimento da sua
condição pecaminosa. Estes já estão mortos para Elohim, ainda antes de descerem à
sepultura – Efésios 2:1,5. O mesmo Paulo dá-nos o seguinte conselho:
Efésios 5:14 – “Por isso diz: Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os
mortos, e Mashiach te esclarecerá”.
Não queremos, contudo, iniciar o aprofundamento desta matéria sem revelar, como ponto
de partida, o que nos é transmitido por Paulo em:
1.Timóteo 6:16 – “Aquele que tem, Ele só, a imortalidade, e habita na luz
inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver, ao qual seja
honra e poder sempiterno. Amém”.
Ora, se só O Elohim YHWH tem a imortalidade, então, fica derrotada à partida, toda e
qualquer tentativa de justificar os actos e ensinamentos errados dos homens baseados na
falsa doutrina da “imortalidade da alma humana”!!! O Eterno dá a vida e para Si mesmo a
toma de volta, quando o homem expira, rende o espírito.
Mas, analisemos outras perspectivas relacionadas com o estado dos mortos.
2. Como foi criado o homem; a sua condição é mortal?
Como a Palavra nos ensina, o homem/ser humano (homem ou mulher), foi criado à
imagem do seu Criador Adonai YHWH…“e viu Elohim que era muito bom”. Quando foi
criado, o homem estava revestido da glória de Elohim. Porém, essa imagem inicial, essa
glória de que estava vestido perdeu-a ele no momento em que desobedeceu…tendo, logo
de seguida, constatado que “estavam nus”. Depois de ser expulso do Jardim do Éden,
Adão e sua mulher Eva procriaram e tiveram filhos e filhas. Porém, a sua descendência já
não foi concebida à imagem de Elohim mas sim à imagem do homem pecador, condenado
a morrer devido à desobediência de seus pais, pois o pecado passou a todas as gerações
(Salmo 51:5):O ESTADO DOS MORTOS – 1ª PARTE 4
Génesis 5:1-3 – “Este é o livro das gerações de Adão. No dia em que Elohim
criou o homem, à semelhança de Elohim o fez. Homem e mulher os criou; e os
abençoou e chamou o seu nome Adão, no dia em que foram criados. E Adão
viveu cento e trinta anos, e gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua
imagem, e pôs-lhe o nome de Sete”.
Estes três versículos estabelecem bem a diferença entre o homem antes de pecar quando
ainda estava vestido da glória de YHWH e que, por isso mesmo, espelhava a Sua
santidade, e a imagem terrena da sua descendência quando a glória de YHWH já se
havia retirado do homem, razão pela qual Paulo escreveu em Romanos 3:23 – “Porque
todos pecaram e destituídos estão da glória de Elohim”. Vemos então que os filhos de
Adão já foram concebidos como seres terrenos, gerados na imagem pecadora do pai
deles e destinados a morrer.
A imagem do celestial, i.e. revestidos da glória do Eterno, só voltou a ser manifestada em
Yeshua quando se transfigurou no Monte, na presença de três dos Seus discípulos e só
voltará a ser restaurada quando ocorrer a primeira ressurreição, na segunda vinda de
Yeshua, como Rei e Sumo-Sacerdote. Ele foi as primícias dos que “dormem”. Quando
essa transformação ocorrer, seremos semelhantes a Ele (1.João 3:2) e iguais aos anjos
(Lucas 20:34-36). Mas, até lá, somos mortais como nos é dito em Salmo 8:4.
Para podermos compreender a questão da morte do homem, temos primeiro que
entender a vida, i.e. a forma como o ser humano foi criado por Elohim. Logo em Génesis
é-nos dito como O Senhor YHWH criou o homem, no 6º dia da Criação:
Génesis 2:7 – “E formou YHWH Elohim o homem do pó da terra, e soprou em
suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente”.
Este “sopro”, “vento”, “fôlego de vida” (no grego: “pneuma”) que foi insuflado no homem
pelo Criador YHWH não é mais do que a expressão do poder de Elohim de transmitir vida
ao homem, no momento em que foi criado e em que assoprou em seu nariz O Espírito de
vida que é inerente ao Criador, de forma a transformar uma coisa inerte em algo
maravilhoso, com vida – i.e. “alma vivente”. Esse “fôlego de vida” passou assim de pais
para filhos. Cada ser humano recebe-o no momento em que nasce e inspira ar nos seus
pulmões, e dele se retira quando esse mesmo ar/fôlego sai quando expira. Quando o ser
humano morre é costume dizer que “expirou o último suspiro”. Nada de complicado,
portanto.
Ele, O Elohim Criador, é também O Elohim dos espíritos de toda a carne, como nos é dito
em Números 16:22; 27:16. Porquê? Porque, como apontamos mais abaixo, segundo as
palavras de Job, se Ele retirasse o Seu Espírito de vida do homem, toda a carne expiraria
de imediato. O espírito do homem aparece-nos neste contexto como a força anímica que
dá verdadeira expressão à vida de cada um, o que comprova igualmente as palavras de
Paulo no seu discurso aos Atenienses:O ESTADO DOS MORTOS – 1ª PARTE 5
Actos 17:27-28 – “Para que buscassem ao Senhor, se porventura, tacteando, o
pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós; porque nele
vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos
poetas disseram: Pois somos também sua geração”.
3. Que explicações encontramos para palavras como: “espírito”, “alma” e
“corpo”?
Comecemos por analisar as palavras de Paulo que causam alguma confusão a muitos:
1.Tessalonicenses 5:23 – “E o mesmo Elohim de paz vos santifique em tudo; e
todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados
irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Yeshua Mashiach”.
Em função desta passagem, muitos têm desenvolvido inúmeras teorias para procurar
adequar as palavras da Bíblia à sua maneira de pensar, enquanto outros retiram destas
palavras de Paulo pretensos ensinamentos que, vendo melhor, não estão lá.
Procuraremos não o fazer nós também. Por razões óbvias vamos centrar a nossa análise
somente nos significados das palavras “espírito” e “alma”, já que é dispensável ocuparmonos
da palavra “corpo”, o tabernáculo do ser humano.
i) espírito:
Comecemos por tentar compreender em que circunstância e com que significado Paulo
se refere a “espírito” na passagem acima.
Como sabemos, e em aditamento ao que já acima dissemos, esta como todas as palavras
devem ser enquadradas no contexto em que as mesmas são inseridas. Assim, naquela
passagem, a palavra “espírito” pode também significar: “ânimo”, “vontade”, “força interior,
anímica”, “capacidade intelectual”, etc., sem que se destrua o sentido das palavras de
Paulo. Mas também pode significar “fôlego de vida”, o sopro/ar ou “pneuma” que foi
insuflado pelo Elohim Criador no nariz do primeiro homem e que passou a todos os
restantes, tornando-os em “almas viventes”.
Senão vejamos:
A palavra “espírito” aparece-nos, muitas vezes, como sinónimo de “vontade própria” ou de
“ânimo”. Consoante o momento, o contexto e a circunstância do seu uso, a palavra
“espírito” também pode referir-se a um estado de ânimo, em que a pessoa pode estar
com o seu espírito deprimido ou, pelo contrário, forte. Quantas vezes esse uso se aplica
quando queremos referir-nos a alguém que anda deprimido ou triste? Diz-se então que o
seu “espírito” (no sentido de ânimo ou de vontade própria ou força anímica, interior) está
doente, o que tem tudo a ver com o estado de “alma” ou estado de “espírito” da pessoa
em causa num determinado momento. Não vamos por isso dizer que é alguma “entidade”
que habita dentro da pessoa que está a passar por estas dificuldades.O ESTADO DOS MORTOS – 1ª PARTE 6
De resto, independentemente da análise de conceitos e significados de palavras, importa
dizer que o ser humano não é completo sem estes três elementos: corpo, alma e espírito,
pelo que se uma destas componentes que forma o ser humano e o torna completo
faltasse, então todo o edifício cairia. Estes três elementos são o que forma a “pessoa”. Se
algum deles falhar, o ser humano pode rapidamente encontrar a morte. Isso pode
acontecer devido a uma doença do corpo ou da alma (o seu “eu” interior, a sua
consciência) ou do espírito (falta de vontade de viver devida ao desânimo, por exemplo).
Assim, fácil é compreendermos o que YHWH nos diz logo no início da Bíblia:
Génesis 6:17 – “Porque eis que eu trago um dilúvio de águas sobre a terra,
para desfazer toda a carne em que há espírito de vida debaixo dos céus; tudo
o que há na terra expirará”.
Este “espírito” a que YHWH aponta é, de forma bem clara, o sopro de vida que O Criador
instilou nos primeiros seres terrestres criados por Ele, “sopro” ou “fôlego” que vai
passando de geração em geração…até chegar o momento em que esse ser “expira”. De
resto, até a palavra “expirar” quer dizer isso mesmo: “expulsar o ar” que alimenta a vida,
tanto de homens como de animais.
Génesis 7:15, 22 – “E de toda a carne, em que havia espírito de vida [o que
inclui animais], entraram de dois em dois para junto de Noé na arca… Tudo o
que tinha fôlego de espírito de vida em suas narinas, tudo o que havia em
terra seca, morreu [com o dilúvio]”.
Não nos resta então qualquer dúvida que o termo “espírito”, quando usado numa frase, se
refere, na sua grande maioria, ao “fôlego de vida” (ar/sopro) insuflado pelo Criador em
todos os seres terrestres.
De resto, a palavra “espírito” está muitas vezes, também, associada ao conceito de
intelecto que é a capacidade que O Criador deu ao homem de discernir, raciocinar,
planear e executar.
Reparemos no que Paulo nos diz também quando relaciona o Espírito de Elohim com o
“espírito” (intelecto/mente) do homem:
1.Coríntios 2:10-16 – “Mas Elohim no-las revelou [as coisas que o olho não viu e
o ouvido não viu – verso 9] pelo seu Espírito; porque o Espírito [de YHWH]
penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Elohim. Porque, qual dos
homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele
está? Assim também ninguém sabe as coisas de Elohim, senão o Espírito de
Elohim. Mas nós não recebemos o espírito do mundo [diabólico], mas o
Espírito que provém de Elohim, para que pudéssemos conhecer o que nos é
dado gratuitamente por Elohim. As quais também falamos, não com palavras
de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando
as coisas espirituais com as espirituais. Ora, o homem natural não
compreende as coisas do Espírito de Elohim, porque lhe parecem loucura; e
não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.
O ESTADO DOS MORTOS – 1ª PARTE 7
Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido.
Porque, quem conheceu a mente [intelecto] do Senhor, para que possa
instruí-lo? Mas nós temos a mente de Mashiach”.
O homem do mundo, carnal, não entende as coisas espirituais, as “de cima”, que provêm
do Altíssimo. No entanto, os que estão exercitados nas coisas espirituais e têm o
“Espírito/Mente” de Mashiach podem discernir o que é bom para a vida. Se O Espírito de
Elohim não estiver em nós (e nós Nele) não teremos capacidade de discernir as verdades
do Alto e Sublime. Por isso nos é dito que temos de possuir o “espírito/mente/intelecto” do
Santo de Israel para podermos discernir/entender as coisas espirituais.
Pelo que já dissemos se pode ver o quanto, por vezes, é difícil definir o sentido a dar à
palavra “espírito” quando aplicada ao ser humano: e.g. “aquela alma anda triste”,
significando “aquela pessoa anda triste”…ou “o seu espírito está perturbado”.
Outro significado muito frequente para a palavra “espírito” é a imaginação do pensamento.
Vejamos um exemplo: “o meu espírito vagueia por terras longínquas” que é uma forma de
dizermos que a nossa imaginação se solta.
Podemos assim ver que existe também uma grande interpenetração de significados entre
as duas palavras “espírito” e “alma”, quando por vezes nos referimos a uma pessoa.
Mas, como é dito atrás, a palavra “espírito” também se refere ao “vento” ou “sopro de
vida” que foi insuflado por Elohim no homem e nos animais terrestres, tornando-os “almas
viventes”. Ora, também esse “sopro de vida” existe nos animais e passa de geração em
geração, sem que estes tenham “alma”, no sentido de consciência, capacidade interior de
decisão e aplicação da sua vontade. Veja-se que se pensarmos somente no aspecto do
sopro ou espírito de vida que está no homem não há qualquer diferença em relação ao
dos animais:
Salmo 146:1-4 – “Louvai a YHWH. Ó minha alma [o meu “eu” interior,
consciência, vontade, mente], louva a YHWH. Louvarei a YHWH durante a
minha vida; cantarei louvores ao meu Elohim enquanto eu for vivo. Não
confieis em príncipes, nem em filho de homem, em quem não há salvação.
Sai-lhe o espírito [o fôlego de vida], volta para a terra [para o pó; para a
sepultura; cova]; naquele mesmo dia perecem os seus pensamentos”.
Génesis 7:21-23 – “E expirou toda a carne que se movia sobre a terra, tanto de
ave como de gado e de feras, e de todo o réptil que se arrasta sobre a terra, e
todo o homem. Tudo o que tinha fôlego de espírito de vida em suas narinas,
tudo o que havia em terra seca, morreu. Assim foi destruído todo o ser
vivente que havia sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao
réptil, e até à ave dos céus; e foram extintos da terra; e ficou somente Noé, e
os que com ele estavam na arca”.
Este “espírito de vida”, “sopro”, “vento/ar” está pois presente em todas as criaturas que
Elohim criou. Quando esse “sopro/espírito de vida” sai, seja ele homem ou animal, o seu
corpo perece e tem que ser entregue à terra, de onde saiu.
O ESTADO DOS MORTOS – 1ª PARTE 8
Fica-nos assim a certeza bíblica que “espírito” significa, primeiramente, o “fôlego de vida”
insuflado por Elohim em todos os seres que se movem sobre a face da Terra. Na realidade,
em relação ao homem, Elohim não lhe colocou uma “alma” mas insuflou-lhe vida em seus
narizes. Porém, ao criar o homem, Elohim deu-lhe uma condição superior a toda a Sua
restante criação (um pouco abaixo dos anjos) e dotou-o de “consciência”/“razão”,
capacidade de raciocínio e decisão, vontade própria, que é o que veremos de seguida ao
analisarmos o significado de “alma”.
Por último e ainda relacionado com o sentido da palavra “espírito”, o seu emprego, em
muitas passagens bíblicas, refere-se de forma muito clara aos seres espirituais (anjos,
arcanjos, serafins, querubins, …) que foram criados numa condição superior à dos
homens. Esses seres espirituais, tanto os que são obedientes a YHWH como os que se
rebelaram contra O Altíssimo, são-nos referidos como “espíritos”, embora tendo uma
natureza diferente da do ser humano, pois foram criados para habitar num reino celestial,
invisível ao homem. Temos pois que analisar o contexto em que a palavra “espírito”
aparece. Exemplos:
De anjos obedientes a YHWH:
Hebreus 1:13-14 – “E a qual dos anjos disse jamais: Assenta-te à minha destra,
até que ponha a teus inimigos por escabelo de teus pés? Não são porventura
todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que
hão de herdar a salvação?”.
De anjos rebeldes (que se tornaram demónios; espíritos imundos):
Marcos 3:11 – “E os espíritos imundos vendo-o, prostravam-se diante dele, e
clamavam, dizendo: Tu és o Filho de Elohim”.
ii) alma:
O entendimento do que é a “alma” do homem tem dado origem a incontáveis posições de
estudiosos das coisas espirituais ao longo dos séculos. Vamos ver agora alguns dos
entendimentos possíveis para a palavra “alma” (porque, dependendo do contexto em que
ela nos aparece, também ela pode assumir mais do que um significado). Insistimos: a
palavra “alma” deve ser interpretada conforme ao texto e contexto onde a mesma aparece
inserida. Vamos procurar assim “separar as águas” e entender o que a Bíblia nos ensina
sobre o significado de “alma do homem”.
Em muitas passagens bíblicas, o uso da palavra “alma” não se refere somente ao íntimo
ou consciência da pessoa, mas à própria pessoa em si mesma, ou à vida que nela está –
Ezequiel 18:4, 20, passagem onde claramente Elohim se refere a pessoas.
Vejamos outro exemplo clássico em que a palavra “alma” quer dizer “vida”, vida enquanto
pessoa humana – as palavras são de Yeshua:
O ESTADO DOS MORTOS – 1ª PARTE 9
Marcos 8:35-37 – “Porque, qualquer que quiser salvar a sua vida perdê-la-á,
mas, qualquer que perder a sua vida, por amor de mim e do evangelho, esse
a salvará. Pois que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a
sua alma? Ou que daria o homem pelo resgate da sua alma?”.
Mas, também podemos entender “alma” como significando o “eu” interior, a consciência
do ser humano, a sua identidade intrínseca ou a sua personalidade. E.g. “esta alma anda
perturbada”, querendo assim referir-se a uma determinada pessoa. É como se dissesse:
“esta criatura anda perturbada”. Tal pode assim ser entendido quando lemos:
Provérbios 21:23 – “O que guarda a sua boca e a sua língua guarda a sua alma
das angústias”.
A angústia é um estado de espírito em que o homem se sente perturbado com alguma
coisa que o aflige na sua vida. Muitos recorrem aos psicólogos para tentar resolver ou
amenizar os seus problemas, nomeadamente como enfrentar as contrariedades desta
vida. Porém, são muito poucos os que se voltam para O Altíssimo, buscando Nele o apoio
e ajuda para os seus problemas. Falham redondamente quando ignoram Aquele de onde
pode vir o socorro e a resolução dos seus problemas.
Porém, convenhamos, a palavra “alma” também significa muitas vezes o íntimo, a
consciência da pessoa, o “eu” interior que comanda as acções do ser humano, a “razão”
de que foi dotado para tomar decisões na sua vida e que o tornam diferente e superior
aos restantes animais que têm “fôlego de vida” como ele. Este entendimento assume
particular significado quando vemos que a proposta de YHWH é oferecer a salvação das
almas a todos os que se arrependem dos seus caminhos desviados da Sua Vontade, por
eles intercedendo o sacrifício do Seu Ungido, O Messias de Israel. Então, nesta
perspectiva, vemos que a palavra “alma” deve ser entendida como o “eu” interior, a
consciência, o íntimo de cada ser humano, o que se pode projectar para a vida eterna por
Yeshua. Exemplo da disciplina em que devemos educar uma criança para nela formar um
carácter justo ao olhos de YHWH:
Provérbios 23:13-14 – “Não retires a disciplina da criança; pois se a fustigares
com a vara, nem por isso morrerá. Tu a fustigarás com a vara, e livrarás a sua
alma [vida] do inferno [destruição]”.
Agora meditemos nas palavras sábias de Job em:
Job 14:10-14 – “Porém, morto o homem, é consumido [pela terra de onde foi
tirado]; sim, rendendo o homem o espírito, então onde está ele? [o espírito ou
fôlego de vida volta para Elohim que o deu] Como as águas se retiram do mar,
e o rio se esgota, e fica seco, assim o homem se deita, e não se levanta; até
que não haja mais céus, não acordará nem despertará de seu sono. Quem
dera que me escondesses na sepultura, e me ocultasses até que a tua ira se
fosse; e me pusesses um limite, e te lembrasses de mim! Morrendo o homem,
porventura tornará a viver? Todos os dias de meu combate esperaria, até que
viesse a minha mudança”.
O ESTADO DOS MORTOS – 1ª PARTE 10
Job sabia que um dia a sua mudança virá (ela virá na segunda vinda de Yeshua, como
Rei Eterno), i.e. a transformação do seu corpo mortal em corpo revestido da imortalidade
que só ao Elohim de Israel pertence.
Filipenses 3:21 – “Que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme
o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si
todas as coisas”.
As palavras de Job são disso prova quando afirma “Porque eu sei que o meu Redentor
vive, e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida a minha pele,
contudo ainda em minha carne verei a Elohim, vê-lo-ei, por mim mesmo, e os meus olhos, e
não outros o contemplarão” Job 19:25-27a. Que certeza de fé a deste homem e que
ensinamentos nos deixou. De resto este entendimento é comum a muitos homens de
Elohim. Através dos tempos todos eles manifestavam o mesmo entendimento. Vejamos o
pensamento de David em:
Salmo 39:12-13 – “Ouve, YHWH, a minha oração, e inclina os teus ouvidos ao
meu clamor; não te cales perante as minhas lágrimas, porque sou um
estrangeiro contigo e peregrino, como todos os meus pais. Poupa-me, até
que tome alento, antes que me vá, e não seja mais”.
Pelo que já foi dito, e com base no ensinamento bíblico, podemos extrair as seguintes
conclusões preliminares, não tendo dúvidas que:
1. depois de morto o homem, o corpo desce à terra de onde foi tomado para se
desfazer em pó (Génesis 3:19; Actos 13:36), até que venha o tempo da
ressurreição dos mortos em que os remidos por Yeshua herdam uma nova
condição, a celestial – 2.Coríntios 5:1, 8; Filipenses 3:20-21; os restantes mortos só
ressuscitarão para serem julgados segundo as suas obras no final do Milénio
(Apocalipse 20:4-5),
2. o espírito ou fôlego de vida sai do homem e volta para Elohim, que o deu
(Eclesiastes 12:6; Isaías 42:5), o mesmo fôlego/vento (“pneuma”) que YHWH
soprou no nariz de Adão quando este foi feito alma vivente,
3. restando a “alma”, ou seja a consciência do homem, o seu “eu” interior, a
componente cerebral que lhe dá a sua identidade única e exclusiva, a sua
personalidade, e que é responsável por todas as acções e/ou omissões que o ser
humano toma nesta vida, tendo que responder perante o tribunal de Yeshua pelas
mesmas. Sim, como já dissemos, os que forem achados dignos de fazer parte da
primeira ressurreição já hoje estão a ser julgados (o julgamento começa pela casa
de Elohim como nos é ensinado em: 1.Pedro 4:17; 1.Coríntios 15:51-52; Filipenses
3:21), enquanto todos os outros serão julgados na segunda ressurreição, no final
do governo milenar de Yeshua – Apocalipse 20:12, em que uns serão separados
para a vida eterna e outros para a destruição eterna, conforme às suas obras. É
este “eu” interior (consciência/razão/identidade/personalidade única, exclusiva de
cada pessoa) que comanda a nossa vida e que terá de responder perante O
Criador.
O ESTADO DOS MORTOS – 1ª PARTE 11
Continuando:
O Dicionário de Strong identifica a expressão “alma vivente” como significando uma
criatura que respira, seja um homem, um animal, ou até um peixe [Strong’s H5315]. A
mesma palavra “nephesh” é usada em todo o erradamente chamado “Velho Testamento”
como aplicando-se a “toda a criatura vivente”. Já no erradamente chamado “Novo
Testamento”, ela é identificada como “psique”, palavra equivalente a “alma” [Strong’s
G5590], capacidade de raciocínio/intelecto/uso da razão/“eu interior”/consciência.
Vejamos o sentido de “alma” aplicado a “pessoa” ou “alma vivente”:
Génesis 1:5 – “Todas as almas, pois, que procederam dos lombos de Jacob,
foram setenta almas [almas viventes significando pessoas]”.
Romanos 13:1a – “Toda a alma [pessoa] esteja sujeita às potestades
superiores”.
1.Pedro 3:20 – falando de Noé e sua família: “enquanto se preparava a arca; na
qual poucas (isto é, oito) almas [pessoas] se salvaram pela água”.
Apocalipse 16:3 – “E o segundo anjo derramou a sua taça no mar, que se
tornou em sangue como de um morto, e morreu no mar toda a alma vivente
[i.e. todos os seres marinhos viventes]”.
Nestas passagens vemos que o sentido da palavra “alma” se refere claramente a “ser
vivente”, tanto faz que sejam pessoas como animais, mesmo os marinhos. Refere-se
portanto a tudo o que tem vida, que é animado pelo “sopro”, “fôlego de vida” dado por
Elohim YHWH.
Noutras circunstâncias o uso da palavra “alma” também pode adquirir outro significado, tal
como “vida”/”pessoa”. E.g. “os meus inimigos andam buscando a minha alma”. Isto é
equivalente a dizermos: “os meus inimigos andam buscando a minha vida” ou, neste
caso, a minha morte. Ou: “ai da sua alma”…significando: “ai da sua vida”. Ou: “no campo
de batalha caíram vinte mil almas”…significando que se perderam as vidas de vinte mil
homens.
O profeta fala da plenitude do poder de YHWH sobre toda a Sua criação:
Ezequiel 18:4, 20 – “Eis que todas as almas [seres viventes/pessoas] são
minhas; como o é a alma do pai, assim também a alma do filho é minha: a
alma que pecar, essa morrerá… A alma que pecar, essa morrerá; o filho não
levará a iniquidade do pai, nem o pai levará a iniquidade do filho. A justiça do
justo ficará sobre ele e a impiedade do ímpio cairá sobre ele”.
Vejamos também as palavras do profeta falando dos que hão-de ser salvos:
Jeremias 31:12b – “e a sua alma [como vida, como pessoa total] será como
um jardim regado, e nunca mais andarão tristes”.
O ESTADO DOS MORTOS – 1ª PARTE 12
Jeremias 51:45 – “Saí do meio dela, ó povo meu, e livrai cada um a sua alma
[vida] do ardor da ira de YHWH”.
Como já vimos, no contexto bíblico, o uso da palavra “alma” também significa “íntimo”, “eu
interior”, “consciência”. E.g.: “fui movido até ao mais profundo da minha alma”, querendo
assim significar: “fui tocado até ao meu íntimo…na minha consciência” ou “todo o meu eu
interior foi abalado”. Outro exemplo: “a sua alma lhes será penosa”, significando: “a sua
consciência lhes será pesada”. Vejamos as palavras que estão em:
Jeremias 38:16 – “Então jurou o rei Zedequias a Jeremias, em segredo,
dizendo: Vive YHWH, que nos fez esta alma [que nos deu/moldou esta
consciência], que não te matarei nem te entregarei na mão destes homens
que procuram a tua morte”.
Em muitos contextos podemos então dizer que o nosso “espírito” ou a nossa “alma” sofre
e também se alegra, i.e. o nosso íntimo pode ser afectado por sentimentos profundos,
vários. Sofre quando a nossa consciência enfrenta desgostos, injustiças ou injúrias, por
exemplo. Pode sofrer quando, também, vemos a injustiça que está no mundo ser
derramada sobre o nosso semelhante sem defesa, os pobres, os que sofrem, os que são
marginalizados por uma sociedade diabólica. Ainda sofremos porque muitas vezes nada
podemos fazer por eles.
Quando dizemos: “a minha alma chora”, estamos a querer dizer que algo nos pesa no
nosso íntimo, que algo nos aflige interiormente, na nossa consciência, a mesma que deve
ser moldada pelo Espírito do Santo de Israel. A mesma que é moldada pela fé e
obediência aos preceitos de YHWH, a Sua Lei/Torá. Por sua vez, a nossa “alma” alegrase
quando obtém recompensas; por exemplo: “a minha alma se deleita”, i.e. quando
alguém ou nós próprios obtemos íntimo prazer ou gozo em alguma coisa, particularmente
nas questões espirituais que provêm de Elohim.
Noutras circunstâncias, também a palavra “alma” pode ser e é sinónimo de “vontade
própria”, algo que é impulsionado pelo nosso “eu interior”. Então, dada a multiplicidade de
entendimentos e aplicações que a palavra “alma” pode ter, temos que usar de alguma
precaução face ao contexto em que a palavra é usada, para podermos interpretar, de
forma correcta o texto em que a mesma é usada.
Nas palavras seguintes pronunciadas pelo Elohim Altíssimo, vemos que também Ele fala da
Sua “Alma” como significando o “Seu íntimo”, a “Sua Vontade Soberana”, que emana da
Sua “Mente/coração”. Sabemos que YHWH tem “mente”, “vontade”, “íntimo” como
qualquer de nós. Vejamos:
Jeremias 32:41 – “E alegrar-me-ei deles, fazendo-lhes bem; e plantá-los-ei
nesta terra firmemente, com todo o meu coração1 e com toda a minha alma
[vontade própria]”.
1 No contexto das Escrituras e no entendimento hebraico, a palavra “coração” deve ser entendida como “mente/cérebro”
ou centro das nossas decisões.
O ESTADO DOS MORTOS – 1ª PARTE 13
Isaías 42:1 – “Eis aqui o meu servo [Seu Filho Yeshua], a quem sustenho, o
meu eleito, em quem se apraz a minha alma [O Meu Íntimo; O Meu “EU”]; pus
o meu espírito [Vontade] sobre ele; ele trará justiça aos gentios”.
Estas palavras emanadas do Elohim Altíssimo, Adonai YHWH, falam-nos do gozo do Seu
coração/mente/íntimo/vontade soberana, o Seu “EU”, em relação Àquele que viria como
Filho, O Senhor Yeshua, O Verbo divino feito Homem, em carne. A expressão “em quem
se apraz a minha alma” só significa: “Aquele que traz prazer/gozo ao meu íntimo”.
Sim, porque em muitas passagens bíblicas também vemos que YHWH se entristece –
e.g. quando o Seu povo revela a sua rebeldia para com Ele e rejeita os Seus preceitos, a
Sua Lei/Torá. Da mesma maneira que Se entristece, também Se alegra, quando os Seus
filhos são obedientes e O buscam para O amar e servir como só Ele merece e tem direito
a ser servido e amado. Elohim tem prazer naqueles que Lhe obedecem e buscam os Seus
preceitos de vida e de eternidade, i.e. a Sua Vontade.
Elohim YHWH, O Pai, falando, usa a expressão “alma” referindo-se ao Filho Yeshua que
haveria de vir como Servo:
Isaías 49:7 – “Assim diz YHWH, o Redentor de Israel, o seu Santo, à alma
desprezada [apontando para Aquele que viria como Filho, como Homem,
como Servo sofredor], ao que a nação abomina [Idem], ao servo dos que
dominam: Os reis o verão, e se levantarão, como também os príncipes, e eles
diante de ti se inclinarão [no reino futuro], por amor de YHWH, que é fiel, e do
Santo de Israel, que te escolheu”.
Isaías 53:10 – “Todavia, a YHWH agradou moê-lo [ao Salvador Yeshua],
fazendo-o enfermar; quando a sua alma [pessoa, vida/sangue] se puser por
expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias; e o
bom prazer de YHWH prosperará na sua mão”.
Podemos também dizer que a palavra “alma” pode adquirir o significado de “sangue”,
enquanto “vida”:
Isaías 53:12 – “Por isso lhe darei [ao Filho] a parte de muitos, e com os
poderosos repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma
[vida/sangue] na morte, e foi contado com os transgressores; mas ele
[Yeshua] levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu pelos
transgressores”.
É o mesmo que dizer “expirou a sua alma”, significando “expirou a sua vida”. Sabemos
que a vida de qualquer ser vivente está no seu sangue, razão pela qual a Lei/Torá ensina
o povo santo a não comer o sangue dos animais. Logo, quando alguma criatura derrama
o seu sangue, é o mesmo que dizer que derrama a sua vida/alma:
Levítico 17:11a – “Porque a vida da carne está no sangue”.
O ESTADO DOS MORTOS – 1ª PARTE 14
Para além dos exemplos aqui apontados, são inúmeras as passagens que poderíamos
ainda incluir para comprovar os vários significados que a palavra “alma” pode adquirir
consoante o contexto em que a mesmo é empregue.
Mas é com o significado de “vida” dada por Elohim que a maioria dos textos se prendem.
Vejamos a questão decisiva que é colocada pelas palavras de Yeshua em:
Mateus 10:28 – “E não temais os que matam o corpo e não podem matar a
alma [o nosso “eu interior”, único; aqui como vida]; temei antes aquele
[Todo-Poderoso] que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo [só
YHWH tem esse poder, pois Ele é O Senhor da Vida]”.
Quando estamos em Yeshua, estamos mortos para o mundo mas estamos vivos para
Elohim, ainda que já tenhamos descido à sepultura. A estes, mesmo que lhes tirem a vida
(derramando o seu sangue, como foi o caso da quase totalidade dos apóstolos de Yeshua
e de tantos servos fiéis do passado), matando o seu corpo, a vida que neles está, i.e. o
seu sangue, a sua “alma” (a sua consciência/razão/o seu “eu interior”), é como se
estivesse viva para Elohim, pois está guardada em YHWH que é “A Vida”. Lembremos as
palavras de Jacob quando chorava a seu filho José que julgava morto:
Génesis 37:35 – “E levantaram-se todos os seus filhos e todas as suas filhas,
para o consolarem; recusou porém ser consolado, e disse: Porquanto com
choro hei-de descer ao meu filho até à sepultura. Assim o chorou seu pai”.
Veja-se, em alegoria, o clamor dos que foram mortos por amor da verdade e cujo
sangue/vida/alma figurativamente clamam perante O Elohim Altíssimo:
Apocalipse 6:9-10 – “E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as
almas [no sentido de vida; os que sacrificaram as suas vidas por amor da
Verdade] dos que foram mortos por amor da palavra de Elohim e por amor do
testemunho que deram. E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó
verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue [as
nossas vidas] dos que habitam sobre a terra?”.
O mesmo se passou quando Caim matou ser irmão Abel. YHWH fala com Caim dizendo
que o sangue/vida/alma do seu irmão Abel clamava desde a terra onde fora derramado o
seu sangue – Génesis 4:10-11. Elohim diz que “a voz do sangue do teu irmão clama a Mim
desde a terra”. Será que o sangue tem voz? Claro que não. Mas a injustiça de um
assassinato é tão grande que é como se a “voz” do sangue injustamente derramado
clamasse perante O Elohim Altíssimo, quando Ele recebe de volta o espírito de vida que
estava na pessoa que foi morta.
As palavras escritas acima por João foram-lhe dadas em visão de um tempo futuro.
YHWH não se esquecerá nunca dos que abdicaram das suas vidas terrenas para O servir
e amar acima de todas as coisas aprazíveis deste mundo. Na realidade, tratando-se de
uma visão que foi dada a João, sabemos que tais “almas” ainda não estão no
céu…porque ninguém subiu ao céu senão Aquele que de lá desceu, Yeshua, Homem, O
Salvador.
O ESTADO DOS MORTOS – 1ª PARTE 15
Aqui vemos a relação e significado directo entre “alma” e “vida”/“sangue”. Ou seja os que
perderam as suas vidas por amor da Palavra de Elohim e do testemunho que deram, essas
vidas preciosas (consciências) estão guardadas em YHWH. O que sucedeu aos que
foram perseguidos e mortos por amor da Verdade, ao longo de todos os tempos? O seu
sangue foi injustamente derramado; entregaram as suas vidas por amor da Verdade, não
deixando que as suas consciências/almas/vidas se corrompessem:
Apocalipse 12:11 – “E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra
do seu testemunho; e não amaram as suas vidas até à morte”.
Daqui retiramos uma relação directa entre “vida” e “sangue”, sendo que o sangue é a vida
de todos os seres físicos criados por Elohim, mas não a sua consciência interior. Essa é
mais elevada. É algo que aos homens é difícil de definir. A ciência humana e os poetas
bem se esforçaram ao longo dos tempos por definir o que é a “alma” do homem.
Vejamos o que nos é dito por António Damásio, célebre neuro-cientista reconhecido
internacionalmente. Na sua óptica, como homem de ciência, ele escreveu no The
Huffington Post”: “o “eu”, a identidade, a personalidade, não são coisas nem são rígidos.
São processos biológicos, construídos no cérebro, a partir de numerosos componentes
interactivos, passo a passo, ao longo de um período de tempo”. Ele diz que o poeta e
pensador Fernando Pessoa acertou em cheio quando escreveu: “Minha alma é uma
orquestra oculta; não sei que instrumentos tangem e rangem, cordas e harpas, tímbales e
tambores, dentro de mim. Só me conheço como sinfonia”.
Segundo a compreensão meramente humana, podemos entender o conceito de “alma” da
seguinte forma:
Ora, este entendimento humano vem ao encontro do conceito, também bíblico, que Elohim
deu ao homem uma “consciência” (o seu “eu” interior), a qual deve ser instruída desde
criança nos caminhos de YHWH para que esta, crescendo no verdadeiro conhecimento,
possa, quando for adulto, tornar-se uma pessoa que procura a Vida (Yeshua, O Caminho,
A Verdade e a Vida) e não escorregue para caminhos que o adversário (Satanás) coloca
perante si e que o conduzem à morte. Este crescimento interior, esta formação de
carácter e consciência (alma) ocorre ao longo da vida do homem e dá-se sempre que
fazemos escolhas, em particular as que estão de acordo com a vontade de YHWH: a Sua
Lei/Torá.
Por isso nos é dito em:
Provérbios 22:6 – “Educa a criança no caminho em que deve andar; e até
quando envelhecer não se desviará dele”.
Alma: O Eu Superior - a parte mais perfeita do Ser;
Personalidade: O Eu Inferior - o que nós somos, no nosso dia-a-dia.
Dr. Edward Bach
Médico inglês nascido em 1886
O ESTADO DOS MORTOS – 1ª PARTE 16
Deuteronómio 6:6-7 – “E estas palavras [a Minha Lei/Torá], que hoje te ordeno,
estarão no teu coração; e as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado
em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te”.
Reparemos que até aqueles cuja consciência (no sentido de “alma”, “íntimo”) não foi
moldada desde a infância pela educação dos pais, e que, por isso mesmo, não cresceram
no conhecimento da Lei/Torá de YHWH (dada por YHWH através de Moisés no Monte
Sinai), também esses, mesmo assim, Elohim lhes implantou no seu íntimo (no seu interior,
na sua consciência, na sua alma) um conhecimento básico do bem e do mal. Leiamos o
ensinamento de Paulo através das suas palavras, em:
Romanos 2:13-16 – “Porque os que ouvem a lei [a Torá] não são justos diante
de Elohim, mas os que praticam a lei hão de ser justificados. Porque, quando
os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não
tendo eles lei, para si mesmos são lei; os quais mostram a obra da lei escrita
em seus corações [na sua mente, no seu interior/consciência], testificando
juntamente a sua consciência [alma], e os seus pensamentos, quer
acusando-os, quer defendendo-os; no dia em que Elohim há de julgar os
segredos dos homens, por Yeshua Mashiach, segundo o meu evangelho”.
Reparem na diferença entre os que ouvem e não praticam e os que ouvem e praticam a
vontade de Elohim nas suas vidas. A consciência (alma, íntimo, o “eu” interior) destes
está moldada pela vontade de YHWH e é ela que determina as suas atitudes, escolhas e
o seu comportamento no dia a dia.
Já agora não gostaríamos de terminar este subcapítulo sem focarmos, de forma breve,
uma expressão que se popularizou a partir de alguns trabalhos literários, principalmente
na obra de Goethe: “Fausto”. Conta esta história literária que este homem, o Dr. Fausto,
já velho, fez um pacto com o diabo – “vendeu a alma ao diabo” (vendeu a sua consciência
a Mefistófeles, personagem diabólico), em troca de voltar à sua juventude por amores de
uma jovem e por favores que o diabo lhe faria ao longo da vida, dando-lhe acesso a
honrarias, fama e bens terrenos. Essa sedução/tentação baseava-se no princípio
defendido pelo diabo, que “cada homem tem o seu preço”.
Apesar do diabo lhe proporcionar todas as grandes benesses deste mundo, Fausto não
encontrou prazer nelas ao longo da sua vida. Já perto da morte e sem ter alcançado a tão
desejada felicidade terrena, Fausto acaba por encontrá-la ao fazer os outros felizes,
encontrando assim o sentido da sua vida e obtendo a sua libertação do pacto que tinha
feito com o maligno. Embora se trate de uma obra literária, ela está cheia de
ensinamentos que nos revelam que por muito porfiarmos para alcançar os bens e as
riquezas desta vida, elas são passageiras e não são nelas que o homem deve pôr o seu
coração/mente/alma, mas sim nas promessas de vida eterna dadas pelo Eterno.
O ESTADO DOS MORTOS – 1ª PARTE 17
Infelizmente abundam por aí muitos Faustos, pessoas que “vendem” as suas
consciências e os sãos princípios que deveriam nortear as suas vidas e presidir às suas
tomadas de decisão, trocando esses bons princípios por vantagens perversas, terrenas,
temporais, no “tempo da nossa peregrinação” (Hebreus 13:14; Salmo 119:19 e 1.Pedro
2:11). Trocam a vida eterna que lhes é proposta gratuitamente por YHWH, através da
aceitação de Seu Filho Yeshua como Salvador, por ganhos terrenos, passageiros, que
findam quando o “sopro de vida” lhes é retirado. Nunca chegam a conhecer o verdadeiro
sentido desta vida, porque o diabo lhes obscurece o entendimento, não os deixando ver
“o futuro” prometido pelo Criador.
Esta abordagem tentou-a Satanás com Yeshua quando, após um jejum prolongado de 40
dias e noites, estando fraco na carne, Satanás também O tentou oferecendo-Lhe todas as
honrarias e reinos deste mundo, se Yeshua dobrasse o Seu joelho e adorasse o maligno,
o que sabemos não conseguiu após várias tentativas e promessas.
Mas, nos dias de hoje, nem todos revelam a firmeza de carácter e propósito na vida que
Yeshua revelou. Por isso, muitos há que, abandonando os preceitos de Elohim, “vendem a
sua alma ao diabo” a troco das tais honrarias e bens desta vida. Eles vendem as suas
consciências e não colocam o bem em primeiro lugar nas suas vidas. Deixam-se vencer
por lugares de destaque, ainda que à custa de corrupção, ou deixam-se corromper pelo
poder do dinheiro (Mamom). Ora, sabemos que ninguém pode servir a dois senhores,
pois acabará amando um deles e odiando o outro – Mateus 6:24.
Assim, pelo que fica dito, a “alma” do homem deve ser entendida como o seu íntimo, a
sua consciência, o seu “eu” interior. Por isso, voltando atrás, a palavra de Elohim ensina
que somente Elohim tem poder para destruir/matar a “alma” do homem…para além do
corpo – Mateus 10:28, pois essa prerrogativa só pertence ao Criador.
Onde está essa “alma”/”consciência”, esse “registo” após a morte física do homem, i.e.
após ele ter exalado o último suspiro? Essa “alma”/ “registo” está em Elohim e ali fica
preservada até que ocorra uma das duas ressurreições de que a Bíblia fala.
Nos dias de hoje temos maiores e melhores possibilidades de compreender a que
“registo” nos referimos. Na era da informática, é como se no nosso interior tivéssemos um
disco duro onde ficam gravados/registados todos os nossos pensamentos e acções. Por
isso Elohim diz em:
Apocalipse 14:13 – “E ouvi uma voz do céu, que me dizia: Escreve: Bemaventurados
os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o
Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, pois as suas obras os
acompanham”.
Para que as “nossas obras nos sigam”? Como é que essas obras podem seguir o homem
senão através de registos? A Palavra diz-nos em Apocalipse que os mortos hão-de ser
julgados pelo que a respeito deles está registado nos livros, quando ocorrer o julgamento
final. A nossa memória pode deteriorar-se à medida que envelhecemos, mas para O
Criador não há memórias humanas que Ele não possa ler:
O ESTADO DOS MORTOS – 1ª PARTE 18
Apocalipse 20:12 – “E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante
de Elohim, e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida. E os
mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo
as suas obras”.
Embora não tenha chegado ainda o tempo de dar a recompensa da vida eterna aos fiéis
que porfiaram em andar nos caminhos de YHWH e depositaram a sua confiança/fé nas
promessas do Altíssimo e no sangue do Filho Yeshua, e porque para YHWH não há
tempo, as “almas” dos santos que sofreram pela Verdade e viram o seu “sangue ser
derramado”, estão figurativamente clamando perante O Elohim Todo-Poderoso, junto ao
trono da Sua Santidade:
Apocalipse 6:9-11 – “E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as
almas dos que foram mortos por amor da palavra de Elohim e por amor do
testemunho que deram. E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó
verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que
habitam sobre a terra? E foram dadas a cada um compridas vestes brancas e
foi-lhes dito que repousassem ainda um pouco de tempo, até que também se
completasse o número de seus conservos e seus irmãos, que haviam de ser
mortos como eles foram”.
Dúvidas?
O que Satanás/adversário/dragão/serpente disse a Eva logo no princípio do mundo foi:
“come que não morres”. Mas Elohim já havia advertido Adão e sua mulher que morreriam
no dia em que Lhe desobedecessem comendo da árvore da ciência do bem e do mal. E,
aconteceu como Elohim disse que aconteceria ou como Satanás disse à mulher?
Hoje, Satanás continua a enganar a humanidade e a dizer a todos: “comam que não
morrem”. Assim o homem prefere acreditar na mentira dele, pois tais mentiras não
obrigam o homem a arrepender-se dos seus maus caminhos e a tornar-se uma nova
criatura. Por isso o homem prefere acreditar na imortalidade da sua alma! Em parte
alguma da Palavra de Elohim nos é dito que a alma do homem é imortal…bem pelo
contrário.
O mundo delicia-se com programas, séries e filmes sobre almas fantasmagóricas, em que
até as crianças são levadas a acreditar nestas mentiras satânicas. Certas manifestações
espirituais que ocorrem são mesmo manifestações satânicas. Não provêm de Elohim, mas
sim do diabo, para mais facilmente enganarem a humanidade, encaminhando muitos para
o espiritismo (lembremos o castigo de Saul). YHWH manifestou na Sua Lei/Torá que os
que a isto se dedicam, ganhando a vida a enganar outros, serão réus de juízo e
receberão a morte/destruição eterna. A Torá diz mesmo que ao feiticeiro não deixarás
viver. Porém, nos dias de hoje não nos compete tirar a vida a quem quer que seja. YHWH
os julgará.
O ESTADO DOS MORTOS – 1ª PARTE 19
Deuteronómio 18:10-12a – “Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo
a seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem
agoureiro, nem feiticeiro; nem encantador, nem quem consulte a um espírito
adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele
que faz tal coisa é abominação a YHWH”.
Isaías 8:19; 19:3 – “Quando, pois, vos disserem: Consultai os que têm
espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e murmuram: Porventura
não consultará o povo a seu Elohim? A favor dos vivos consultar-se-á aos
mortos?... E o espírito do Egipto se esvaecerá no seu interior, e destruirei o
seu conselho; e eles consultarão aos seus ídolos, e encantadores, e aqueles
que têm espíritos familiares e feiticeiros”.
Na realidade, os que “falam com os mortos”, estão a falar sim com espíritos enganadores,
estão a falar com as entidades demoníacas do reino satânico, deixando-se assim
enganar. Porquê? Porque não conhecem nem confiam no conselho do Eterno Elohim.
Acabam deixando-se guiar pelo espírito do engano, pelo pai da mentira que é Satanás,
que procura por todos os meios desviar o ser humano do seu Criador.
Não se pense pois que existem espíritos de mortos a vaguear por aí. Não existe tal coisa.
Existem sim as manifestações enganadoras de Satanás nessas sessões espíritas e
outras manifestações enganadoras. A Palavra diz-nos que Satanás até tem poder para se
transformar em “anjo de luz”, usando esse artifício para melhor enganar a muitos –
2.Coríntios 11:14.
Se um animal qualquer morre (saindo dele o “espírito de vida” que lhe foi transmitido de
geração em geração) esse animal recolhe à sepultura para se desfazer em pó. Assim é
também todo o ser humano, pois Salomão diz-nos:
Eclesiastes 3:19-20 – “Porque o que sucede aos filhos dos homens, isso
mesmo também sucede aos animais, e lhes sucede a mesma coisa; como
morre um, assim morre o outro; e todos têm o mesmo fôlego, e a vantagem
dos homens sobre os animais não é nenhuma, porque todos são vaidade.
Todos vão para um lugar; todos foram feitos do pó, e todos voltarão ao pó”.
Dúvidas?
iii) corpo:
Já no que respeita ao “corpo” (no grego: “soma”) julgamos não ser necessário entrar em
grandes explicações, uma vez que todos sabemos, até pelo ensinamento bíblico, que ele
é feito de carne, nervos, sangue, água, ossos, enfim…pó, porque o homem foi formado do
pó da terra e para o pó volta quando sai dele o espírito/fôlego de vida que o anima.
O ESTADO DOS MORTOS – 1ª PARTE 20
Ora vem Yahweh Yeshua!
Abre o nosso entendimento à força da Tua Palavra, da Tua Verdade.
Vem guardar as nossas vidas/almas em Ti.
AlleluYAH
-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-
domingo, 24 de setembro de 2017
A Verdadeira Origem da Kipá
A Verdadeira Origem da Kipá
I - Introdução
! A kipá, ou solidéu como é conhecida popularmente entre os não-judeus,
é hoje praticamente uma unanimidade no meio judaico. Poucos, todavia,
conhecem sua origem, ou já se indagaram se o seu uso reflete as práticas do
Judaísmo bíblico, ou dos israelitas da antiguidade.
" Os que defendem o uso da kipá entendem que o cobrir a cabeça indica
temor dos céus, e que essa prática teria embasamento nas Escrituras.
" Este estudo se propõe a investigar essas alegações, buscando a
verdadeira origem histórica do solidéu, e verificando o que dizem as Escrituras
a esse respeito.
II - A Origem Histórica do Solidéu
" Mesmo que objetivo desta seção seja uma investigação histórica, a Torá
nos dá um ponto de partida muito interessante ao afirmar:
“Não cortareis o cabelo em redondo, nem danificareis as extremidades da
barba pelos mortos; não ferireis a vossa carne; nem fareis marca nenhuma
sobre vós. Eu sou YHWH.” (Vayicrá/Levítico 19:27-28)
" Vale ressaltar ao leitor que o hebraico apresenta um texto corrido, e que
a pontuação e a divisão de versículos é algo introduzido pelas traduções.
" O texto acima fala de alguns rituais de luto que são proibidos pela Torá.
Dentre eles, destaca-se o ritual da tonsura, um ritual de raspagem dos cabelos,
deixando uma superfície calva no topo da cabeça, de modo que os cabelos
crescessem apenas como um halo redondo em torno da mesma.
" Esse tipo de ritual de luto era comum entre os antigos sumérios, e por
esta razão, os israelitas tiveram bastante contato com ele nos tempos antigos.
Sobre isso, Brian B. Schmidt, professor de bíblia hebraica e cultura semita da
Universidade de Michigan, afirma:
! “Laceração e tonsura são atestados como rituais de luto dentre diversos
povos do Oriente Médio. Alster nota que [os textos da]~Descida de Inanna ao
Mundo dos Mortos (versões suméria e acadiana), Gilgamesh, Enkidu e o
Mundo dos Mortos (versões suméria e acadiana) e o Épico de Gilgamesh
(acadiano) contêm reflexões mitológicas dos rituais de luto envolvendo autolacerações
e tonsura. Rowley [também] citou referências na literatura grega
clássica.” (Israel's Beneficient Dead, pg. 17
1
" Por hora, será deixada de lado a referência aos gregos (que será
retomada mais adiante), e o foco será dado ao hábito que aparece na antiga
região da Mesopotâmia. A grande questão que fica é: Por que a Torá proibiria
esse rito de luto em particular? É importante ressaltar que a Torá não se
ocupava de condenar qualquer tipo de costume local, mas sim principalmente
aqueles que de alguma forma estavam ligados à idolatria.
II.1 - A Adoração a Shamash
" Na região da antiga Bavel (Babilônia), a tonsura não era apenas um rito
de luto, mas também um símbolo da devoção a Shamash, o deus-sol do antigo
panteão babilônio.
" O acadêmico James Hastings cita a tonsura como uma forma de rito
iniciático de dedicação dos sacerdócio aos deuses babilônios:
"As placas representam o rei Ur-Nina (Louvre)
como um portador de cesto, e também assentado,
mostram-no na companhia de seus oito filhos, os
quais, de pé perante eles, curvam suas cabeças em
sinal de respeito. Com a exceção do primeiro, todos
têm suas cabeças raspadas, e é possível que o
cabelo do mais velho tenha um tipo de tonsura. O
raspar a cabeça é considerado sinal de ranking
sacerdotal, e essas placas parecem provar que até
meras crianças eram iniciadas..." (Encyclopedia of
Religion and Ethics, parte 6)
" Acima, gravura da tábua babilônia de Ur-Lina, em exposição no museu
do Louvre. Conforme Hastings atesta, pode-se perceber a tonsura no filho mais
velho do rei. Sobre a tonsura sacerdotal, Hastings continua:
" "Existem muitas referências à
consagração sacerdotal, mas nada é tão
conhecido como as marcas distintas que
os sacerdotes portavam. As impressões
de selo [N. do T. as tábuas babilônias
eram impressas com selos cilíndricos em
argila] mostram que eles frequentemente
se raspavam, e parece certo que isso
era parte do rito de consagração, que
era realizado pelo shui (Sum.) ou gallabu
(Sem.) Seu trabalho era provavelmente
realizado perante a estátua da divindade a quem o neófito era dedicado. A isto
aparentemente se sucedia o dar a tiara sacerdotal." (ibid, parte 19)
" É importante que o leitor compreenda que o significado do termo “tiara”
aqui usado é um “ornamento de cabeça.” Mas, como era o ornamento de
cabeça dos iniciados no sacerdócio babilônio, dentre os quais se destacava o
sacerdócio de Shamash?
" Diversas tábuas babilônias demonstram que ornamento de cabeça era
usado como símbolo de Shamash. A mais evidente dessas tábuas (acima) é
uma tábua do século 9 AC, que mostra o próprio deus-sol Shamash e seus
súditos. Pode-se observar que esse ornamento de Shamash tinha uma forma
semelhante a uma cuia, e cobria a cabeça exatamente onde a tonsura era
realizada. Abaixo, algumas outras tábuas:
" Esse tipo de ornamento dos sacerdotes de
Shamash também aparece em outras imagens, ornando
tanto homens, quanto mulheres, e até mesmo outras
divindades como Ishtar e Tamuz. Abaixo, algumas tábuas
da coleção de Ashurbanipal, em exposição no Museu
Britânico. São tábuas do século 7 AC, embora especulese
que sua origem possa estar por volta do século 17 AC.
" Embora não seja a única forma de cobertura de
cabeça a figurar nas tábuas babilônias, o disco-solar de
Shamash é sem sombra de dúvidas o mai s
predominante. Até mesmo outras divindades aparecem
trajando-o, demonstrando a grande importância que os
babilônios davam ao sol. Isso pode ser visto em imagens
como a do casamento de Ishtar e Tamuz, que é
representado na gravura arqueológica ao lado.
II.2 - De Shamash a Mitra
" Ao longo dos séculos, o panteão e a teologia babilônia evoluíram,
embora a devoção ao sol permanecesse uma de suas marcas mais
identificáveis.
" Já próximo aos tempos de Yeshua, a religião dos Mistérios de Mitra (cuja
mitologia foi incorporada ao Zoroastrismo) era bastante popular na Babilônia, e
com o passar do tempo foi ganhando cada vez mais força. Mitra era uma
divindade solar, que acabou incorporando boa parte da devoção e das
características do antigo deus Shamash.
" Ao lado, pode-se ver a predominância
de Mitra em um mural do século 3 DC, o
mural da investidura do imperador Ardashir. À
esquerda, pode-se ver Mitra com seus
inconfundíveis raios solares, e o seu solidéu
(um dos dois chapéus utilizados no
Mitraismo.)
" A religião dos Mistérios de Mitra tornouse
bastante popular também em outras
culturas, tendo influenciado não apenas
gregos, como também romanos.
" Os seguidores de Mitra tinham como marca distinta os seus dois tipos
de cobertura de cabeça: o chapéu fírgio, e o solidéu.
" Sobre isso, em sua obra acerca das origens e do significado do solidéu,
o reverendo Antonio Hernandes nos relata:
! "… a igreja primitiva roubou muitos dos hábitos, vestimentas e costumes
mitraístas. Todos os mitraístas usavam um solidéu especial.
…todo mitraista que cometes pecado era condenado, entre outras coisas, a
usar um solidéu de pele de porco! Seu profeta, Mitra, usava um solidéu e um
chapéu pontudo supostamente de design fírgio, e era ele quem originalmente
mostrou todos os atributos do Cristo [romano]. Mas diferentemente do Cristo,
Mitra emergiu de uma rocha, completamente nu e belo, usando seu solidéu
orgulhosamente." (My Kingdom for a Crown: An Around-the-World History of
the Skullcap and its Modern Socio-Political Significance)
" Até hoje, os zoroastristas (também conhecidos como parsis), utilizam a
mesma cobertura de cabeça dos mistérios mitraístas, como pode ser visto em
algumas fotos abaixo:
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II.3 - Da Babilônia à Grécia
" O culto ao deus-sol também também influenciou a cultura grega,
provavelmente trazido pelos fenícios, como visto na figura abaixo
representando a história de Cadmos, o fenício que supostamente teria fundado
a Grécia. O painel, do museu do Louvre, apresenta-o trajando solidéu.
" Semelhantemente, os deuses gregos também são frequentemente
representados usando solidéu, como abaixo nas esculturas gregas antigas de
Oceanus e Zeus:
" Abaixo, uma escultura de um dos Dioscuri, os filhos gêmeos de Zeus,
em uma praça em Turim, na Itália, e uma antiga gravura mostrando ambos os
Dioscuri, ambos usando solidéu.
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5
" Até hoje, na Albânia, em região do antigo
império grego, pode-se ver o costume
remanescente. Ao lado, um senhor albanês trajando
o seu solidéu.
" Como já foi apresentado em diversos
materiais, e é amplamente de domínio público, a
Igreja Católica nos primeiros séculos de sua
existência incorporou uma série de práticas do culto
a Mitra, que havia ganho bastante popularidade no
império romano.
III.4 - Roma e a Tonsura Solar
" Parte desse rito incluía o antigo hábito das tonsuras, exatamente a
mesma prática proibida pela Torá, e que era realizada na Babilônia em conexão
com a adoração ao deus-sol.
" Sobre o rito da tonsura, a Enciclopédia Católica afirma:
“Um ritual sagrado instituído pela Igreja através do qual um cristão batizado e
crismado é recebido na ordem clériga através da raspagem de seu cabelo e do
investimento da túnica. A pessoa assim tonsurada torna-se participante dos
privilégios e obrigações comuns do estado clérigo e está preparada para a
recepção de ordens.” (Tonsure)
" A exemplo do que acontecia na antiga
Babilônia, a tonsura romana era coberta por um
solidéu. Sobre esse hábito, Hernandez escreve:
"Tonsura - O ato de raspar a cabeça para
representar o tomar votos ou ordens religiosas.
Praticada tanto pelos pagãos, quanto por budistas
e cristãos, a tonsura precisava de proteção - uma
das principais razões pelas quais o solidéu passou
a ser usado pelos clérigos religiosos em todo o
mundo." (My Kingdom for a Crown: An Around-the-
World History of the Skullcap and its Modern Socio-Political Significance)
" Embora a tonsura tenha saído de moda na Igreja Católica, o uso do
solidéu permanece. Curiosamente, o termo “solidéu” deriva de “soli deo.”
" Hoje em dia, o Vaticano jura que “soli deu” significa “somente deus.”
Todavia, o termo “soli deo” no latim também pode significar “deus sol.” Apesar
dessa aparente ambiguidade, não há dúvidas quanto à origem real do termo,
por dois motivos.
" O primeiro, porque, como visto, a
prática do solidéu começou a se popularizar
através da religião dos mistérios de Mitra,
uma divindade solar.
" O segundo porque, contrariando as
explicações atuais do Vaticano, o famoso
mural de Mitra (vide ao lado) no Vaticano traz
a inscrição “Soli Invicto Deo” (deus sol
invencível). Portanto, pode-se perceber sem
qualquer sombra de dúvida que solidéu, ou
“soli deo”, significa literalmente “deus sol.”
III - Representações dos Antigos Israelitas
! Nos tempos bíblicos, os israelitas
comuns não tinham por hábito usarem
coberturas de cabeça. Abaixo e ao lado,
a l g uma s e v i d ê n c i a s a r q u e o l ó g i c a s
comprovam isso.
" A primeira delas, um mural egípcio de
cerca do século 15 AC, mostra os hebreus
cativos trajando tsitsiyot (franjas). Não há
qualquer cobertura de cabeça.
"
" O mesmo pode-se observar do mural de
Senaqueribe, ao lado, de cerca do século 7 AC,
que ilustra os israelitas sendo levados para o
cativeiro assírio. As tábuas possuem alguns
detalhes próximos aos pés que podem representar
tsitsityot (franjas), mas novamente não há qualquer
cobertura de cabeça.
" E, por fim, há ainda uma imagem em que
Yehu, rei de Judá, se prostrando perante
Shelmanaser III, rei da Babilônia, de cerca do
século 9 AC.
"
" Esse mural, de origem babilônia, é curioso pois representa Yehu com
uma cobertura de cabeça. Todavia, seu acompanhante ao lado aparece sem tal
cobertura, o que reforça o indício de que nos tempos bíblicos, o costume de
cobrir a cabeça era apenas social.
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" Mais adiante, serão abordados também os murais da sinagoga de Dura-
Europos, que indicam que o costume também não era comum mesmo no
século 3 DC.
IV - A Bíblia e o Cobrir a Cabeça
! Abaixo, apresenta-se uma lista dos termos bíblicos usados para
cobertura de cabeça. Será feita uma análise cuidadosa da etimologia e do
contexto de uso de cada termo:
IV.1 - Mitsnefet
!
" O termo vem da raíz "tsanaf", que significa "enrolar." Literalmente, um
turbante. Esse termo aparece nas Escrituras de forma exclusiva ao turbante do
cohen hagadol (sumo-sacerdote), que era feito de linho. Aparece
frequentemente como “mitra” nas traduções para o português, embora
“turbante” seja a leitura mais apropriada:
“Prenda-o na parte da frente do turbante [mitsnefet] com um cordão azul.”
(Shemot/Êxodo 28:37)
Outras passagens onde o termo aparece:
• Ex. 28:4,37,39; 29:6; 39:28,31
• Lv. 8:9; 16:4;
• Ez. 21:26;
IV.2 - Tsanif
" Esse termo vem da mesma raíz de mitsnefet. Literalmente, algo
"enrolado." No contexto em que é usado, trata-se de um adorno que indica
alguma riqueza ou status. Provavelmente, o uso de "tsanif" versus "mitsnefet" é
para diferenciar o traje típico do cohen hagadol dos demais turbantes.
Curiosamente, o termo sempre aparece em contextos figurativos:
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“A retidão era a minha roupa; a justiça era o meu manto e o meu turbante
[tsanif].” (Iyov/Jó 29:14)
Outras passagens onde o termo aparece:
• Is. 3:23; 62:3;
• Zc. 3:5;
" Percebe-se que o uso desse termo é puramente cultural, e reflete
apenas um costume de pessoas de status no oriente médio.
IV.3 - Atará
" Literalmente, uma coroa. Era feita de metal (geralmente, ouro e pedras
preciosas), e é associada a reis e governantes. Quando aparece
figurativamente, refere-se à autoridade:
“A seguir tirou a coroa [atará] da cabeça do rei, uma coroa [atará] de ouro de
um talento; ornamentada com pedras preciosas. E ela foi colocada na cabeça
de David...” (Shʼmuel Beit/2 Samuel 12:30)
Outras passagens onde o termo aparece:
• 2 Sm. 12:30;
• 1 Cr. 20:2;
• Es. 8:15;
• Jó 19:19; 31:36;
• Sl. 21:3;
• Pr. 4:9; 12:4; 14:24; 16:31; 17:6;
• Ct. 3:11;
• Is. 28:1,3,5; 62:3;
• Jr. 13:18;
• Lm. 5:16;
• Ez. 16:12; 21:26; 23:42;
" Outro uso puramente cultural, que reflete apenas um costume dos reis e
autoridades de usarem coroas.
IV.4 - Chevel
" Uma corda ou laço, mencionada duas vezes numa única passagem da
Bíblia como algo possivelmente amarrado ao lado da cabeça Aparentemente,
pelo contexto, era usado por pessoas humildes (ou que desejassem se
humilhar), e se assemelha ao que aparece em um mural egípcio que
representa os israelitas. Ao que tudo indica, provavelmente era usado para
amarrar os cabelos para o trabalho. Há ainda algumas traduções que
interpretam como colares.
“Então, lhe disseram os seus servos: Eis que temos ouvido que os reis da casa
de Israel são reis clementes; ponhamos, pois, panos de saco sobre os lombos
e cordas [chavalim] à roda da cabeça e saiamos ao rei de Israel; pode ser que
ele te poupe a vida. Então, se cingiram com pano de saco pelos lombos,
puseram cordas [chavalim] roda da cabeça,” (Melachim Alef/1 Reis 20:31-32)
"
" Mais uma vez, o uso é plenamente cultural.
IV.5 - Migba'ah
" O termo vem da mesma origem de "gavah" que significa "alto ou
projetivo." Não à toa, o termo "guivah" significa "morro ou montanha" e "gavia"
que significa "taça." A Enciclopédia Judaica define da seguinte forma:
! "O termo usado para denotar as mitras dos sacerdotes comuns
('migba'ot', derivado de 'guebia' = 'taça') sugere uma cobertura de formato
cônico, presa firmemente à cabeça."
" Em outras palavras, era uma espécie de turbante que era atado de
forma peculiar, formando uma espécie de um cone mais alto. Qual o provável
objetivo desse formato peculiar? Provavelmente, era destacar o cohen
(sacerdote) para que fosse facilmente visto em meio à multidão. Normalmente,
aparece nas traduções para o português como “tiaras”, embora o formato não
tenha nenhuma conexão com o que se entende modernamente por “tiara”:
“Também Moshe fez chegar os filhos de Aron, e vestiu-lhes as túnicas, e cingiuos
com o cinto, e atou-lhes os turbantes-cônicos [migbaʼot], como YHWH lhe
ordenara.” (Vayicrá/Levítico 8:13)
Outras passagens onde o termo aparece:
• Ex. 28:40, 29:9, 39:28;
• Lv. 8:13;
IV.6 - Pe'er
" O termo tem a mesma raíz de tiferet, e significa literalmente "belo" ou
"beleza." Era usado para descrever basicamente um enfeite, adorno ou uma
peça bela. Em Yeshayahu (Isaías), aparece como adorno usado pelo noivo. Em
Yehezkel (Ezequiel), Elohim diz a ele para usar adornos, de modo a ocultar sua
tristeza. Ou seja, era um traje cujo o objetivo era mesmo enfeitar.
" É provável que nem todas as passagens onde o termo aparece refiramse
a peças específicas para a cabeça, pois há pelo menos uma ocorrência
(vide citação abaixo) onde a Bíblia se preocupa em explicar o tipo de adorno,
indicando que poderiam ser de diversas naturezas.
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" Algumas traduções trazem o termo como “ornamento”, outras como
“turbante.” Porém, o termo não era usado apenas para turbantes, pois a Torá
diz:
“E o turbante [mitsnefet] de linho fino, e o ornamento das tiaras [paʼarei
hamigbaʼot] de linho fino, e os calções de linho fino torcido”
(Shemot/Êxodo 39:28)
Outras passagens onde o termo aparece:
• Is. 3:20; 61:3,10;
• Ez. 24:17,23; 44:18
IV.7 - Charbela
" Esse termo aparece uma única vez nas Escrituras, na parte aramaica de
Daniʼel. O termo aramaico “charbela” é de difícil tradução, pois, segundo a
concordância Strong, pode indicar “manto, túnica, turbante ou capacete.”
" A passagem em Daniʼel não é suficientemente clara para sequer termos
certeza de que se trata de uma cobertura de cabeça. Todavia, o mais provável
é que “charbela” deva indicar uma espécie de pano, que provavelmente
também poderia ser atado como um turbante:
“E os três homens, vestidos com seus mantos, calções, turbantes [charbelot] e
outras roupas, foram amarrados e atirados na fornalha extraordinariamente
quente.” (Daniʼel 3:21)
" A passagem refere-se aos três amigos de Daniʼel, e apenas indica que
eles foram lançados na fornalha do jeito que estavam vestidos. Ou seja, é mais
uma referência cultural.
IV.8 - Análise das Escrituras
" Pode-se concluir algumas coisas interessantes analisando os termos
usados para coberturas de cabeça na Bíblia.
" A que mais chama a atenção é a ausência de qualquer elemento que
mesmo remotamente nos lembre a kipá.
" Nas Escrituras, à exceção da coroa, as coberturas de cabeça tinham
formato de turbante, eram feitas de tecidos finos (que, à época, custavam
pequenas fortunas), e usadas não pelo povo de um modo geral, mas por
pessoas de destaque. Eram um símbolo de status, e eram tidos como um
artigo de grande beleza.
" A própria Torá nos indica, ao usar o termo “peʼer” que os turbantes eram
adornos. Ou seja, eles foram introduzidos por Elohim no Mishcan (Tabernáculo)
por motivos relativamente simples de compreender.
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" Os israelitas já estavam habituados a verem pessoas de status usarem
turbantes. Quando Elohim determina que os cohanim (sacerdotes) usem
turbantes de linho como peças de adorno, isto simbolizava não o “temor do
céu”, como alguns supõem por hábitos posteriores, mas sim, segundo as
próprias Escrituras, simbolizavam uma autoridade e um destaque perante o
povo.
" Não há nenhum exemplo de alguém do povo usando alguma peça de
cabeça por razão de temor a Elohim, ou adotar o hábito dos turbantes de linho
dos cohanim (sacerdotes.)
" Se alguém, todavia, entendesse que o fato de nós sermos considerados
cohanim (sacerdotes) em Yeshua indicaria que devêssemos usar algum tipo de
chapéu, teríamos aí dois problemas: O primeiro é que um cohen (sacerdote)
não usava qualquer chapéu, e sim um turbante de linho bastante específico. O
segundo é a total ausência de qualquer menção a isso, mesmo como costume,
na Bʼrit Chadashá (Segundo Testamento.)
IV.9 - Yeshua Usava Kipá?
" A Bʼrit Chadashá (Segundo Testamento) não traz nenhuma menção a
Yeshua ou seus talmidim (discípulos) usando qualquer tipo de cobertura de
cabeça, muito menos ainda por motivos religiosos. De fato, à época, nem
mesmo a seita dos pʼrushim (fariseus) fazia tal uso.
" Mesmo por séculos depois de Yeshua, as coberturas de cabeça usadas
pelos israelitas (em sua maioria, turbantes) eram tidas unicamente como
elemento cultural. Não eram usadas unanimemente, eram partilhadas por
homens e mulheres, e não tinham qualquer conotação religiosa. Isso será visto
mais adiante.
" Sobre os tempos de Yeshua, o rabino Shmuel Safrai, professor emérito
de História Judaica do Período Talmúdico e Mishnaico, da Hebrew University,
afirma:
! "É certo que Yeshua, um judeu residindo
na terra de Israel no primeiro século, não usava
uma kipá (solidéu). O costume de usar uma kipá
surgiu na Babilônia entre os séculos terceiro e
quinto DC entre os residentes não judeus - os
residentes judeus da Babilônia ainda não
haviam adoptado esse costume, conforme as
pinturas da [sinagoga] Dura-Europos mostram -
e passaram de lá para a comunidade judaica na
Europa.
! Apesar dos sacerdotes usarem um
migba'at (uma cobertura de cabeça tipo um
turbante - Ex. 28:4, 40; Lv. 8:13), outros judeus
do período do Segundo Templo não usavam uma cobertura de cabeça. Isto é
confirmado tanto pela literatura quanto por restos arqueológicos do período.
Por exemplo, as gravuras no Arco de Tito em Roma, que representam a
procissão da vitória em Roma logo em seguida à conquista de Jerusalém em
70 DC., mostram os judeus cativos de cabeças descobertas.
Semelhantemente, as pinturas da sinagoga de meados do terceiro século DC
escavados em Dura-Europos representam todos os homens judeus com as
cabeças descobertas, exceto por Aarão o sacerdote." (Did Jesus Wear a
Kippah?)
" Acima, um dos painéis da Dura-Europos, representa a unção de David.
Todos os homens aparecem de cabeças descobertas.
IV.10 - O Encobrir/Ocultar a Cabeça
" As Escrituras trazem ainda mais um elemento importante que deve ser
analisado: !
“E seguiu David pela encosta do monte das Oliveiras, subindo e chorando, e
com a cabeça coberta [chafui]; e caminhava com os pés descalços; e todo o
povo que ia com ele cobria [chafu] cada um a sua cabeça, e subiam chorando
sem cessar.”
(Shʼmuel Beit/2 Samuel 15:30)
" As palavras que aparecem acima traduzidas como as ações de cobrir
vêm da raiz chafá, que significa “cobrir” ou “ocultar.” Aqui há a idéia de que
David, provavelmente com a sua própria túnica, ocultou a sua cabeça.
" Alguns chegam a tentar apontar essa passagem como evidência de que
se deve orar com a cabeça coberta. Todavia, o que acontece aqui nessa
narrativa é algo bastante específico: David estava amargurado, e humilhado.
Ele sabia que, por conta de seu pecado, Avshalom (Absalão), seu próprio filho,
se voltou contra ele. Tanto que, logo em seguida, Hushai se encontra com ele,
com terra sobre a cabeça, e roupas rasgadas.
" Repare que a referência aqui não é a um uso de chapéu, mas sim o
ocultar a cabeça, em sinal de tristeza e humilhação. Pode-se ver isso com
bastante clareza em outros trechos das Escrituras:
“E os seus mais ilustres enviam os seus pequenos a buscar água; vão às
cisternas, e não acham água; voltam com os seus cântaros vazios;
envergonham-se e confundem-se, e cobrem [chafu] as suas cabeças. Por
causa da terra que se fendeu, porque não há chuva sobre a terra, os
lavradores se envergonham e cobrem [chafu] as suas cabeças.” (Yirmiyahu/
Jeremias 14:3-4)
" Yirmiyahu haNavi (o profeta Jeremias) deixa bem explícito que o
costume do “ocultar” a cabeça com pano ou túnica era um ato de humilhação.
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13
Pode-se perceber que isso é bem diferente do uso do turbante, que era um
símbolo de status.
" Esse hábito, além de não ser um hábito religioso, também não era
hábito exclusivo dos israelitas, e sim um costume do oriente médio. Pode-se
perceber isso na narrativa de Hadassa (Ester), onde Haman também “oculta” a
cabeça pelo mesmo motivo:
“Depois disto Mordechai voltou para a porta do rei; porém Haman se retirou
correndo à sua casa, triste, e de cabeça coberta.” (Hadassa/Ester 6:12)
" Como visto, não havia entre os judeus o costume de “ocultar” a cabeça
com o talit, ou com algum tipo de túnica, simplesmente para orar
rotineiramente. O costume indicava, ao contrário, um sinal de tristeza, de luto
ou humilhação.
" Hoje em dia, todavia, esse costume existe, e é bastante difundido. Como
visto, tal costume não se origina nas Escrituras, nem nos tempos antigos. De
onde vem, então?
" Esse costume, como vimos, não é mencionado nas Escrituras. Também
não aparece na Mishná (século 2), nem tampouco no Talmud (séculos 3 a 6).
De onde, então, deriva? A origem desse hábito, que não condiz com a prática
bíblica, é incerta.
" Talvez a resposta esteja nos costumes romanos. Isso não seria de todo
surpreendente, tal o grau de assimilação de costumes pagãos por parte dos
pʼrushim (fariseus). Porém, não se pode afirmar categoricamente que a origem
esteja aí. Apesar disso, certamente essa era a origem da problemática vivida
por Shaʼul (Paulo) em Corinto. Sendo assim, é importante conhecer esse
costume romano.
" Na adoração romana, o principal líder das orações tinha por hábito o
chamado capite velato, isto é, o cobrir a cabeça. Não em sinal de humilhação –
como era o costume bíblico – mas para realizar orações e oficiar o serviço
religioso; costume esse que pode ter dado origem ao hábito posterior do
chazan (o contudor das rezas) cobrir sua cabeça nas sinagogas farisaicas.
" Sobre tal costume, o historiador e professor de ética religiosa David W.J.
Gill afirma:
"Tal imagem não é apenas visual, mas é encontrada na Res
Gestae de Augusto, onde sua função como o pontifex
maximus é enfatizada. Essa adoção de uma função
sacerdotal foi adotada também por outros imperadores, e é
assim que Nero é representado em uma estátua
fragmentária em Corinto. Ele, semelhantemente, tem sua
cabeça parcialmente coberta pela toga.
Augusto claramente tem um papel específico em sua
estátua. Ele é visto quer prestes a fazer um sacrifício ou a
orar. Nem todos os presentes no sacrifício teriam que puxar
sua toga sobre sua cabeça. Essa característica do chamado
capite velato [cabeça coberta] era 'a marca iconográfica de um sacrificante
presidindo sobre um ritual especificamente romano.'"
(The Importance of Roman Portraiture for Head-Coverings in 1 Co. 11:2-16)
Acima, uma imagem de Augusto com “capite velato.”
Abaixo, um antigo mural representando um sacerdote romano vestido
com “capite velato” (cabeça encoberta) conduzindo um serviço religioso. Ao
lado desse, um chazan parush (condutor fariseu) da mesma forma. Por esta
razão, associada à inexistência do costume nos tempos bíblicos, supõe-se que
o costume romano possa ser a origem do costume farisaico.
" Como se sabe Biblicamente, os israelitas jamais cobririam (ocultariam)
suas cabeças de tal forma, exceto em momentos de profunda tristeza,
humilhação ou vergonha.
" Um forte indício de tal influência pode ser encontrado na Cabalá. Em
seu artigo “When is the tallit pulled over the head during prayer?” o rabino
Moshe Miller afirma:
! “É importante observar que, segundo a Cabalá, os doutores da Torá
puxam seus Talitot sobre suas cabeças, uma vez que o talit encobrindo a
cabeça alude à luz da Torá que envolve um doutor da Torá, enquanto as
pessoas leigas simplesmente colocam o talit sobre seus ombros, deixando a
cabeça descoberta.”
" Não só essa idéia de que o talit encobrindo a cabeça seja uma alusão à
luz da Torá contradiz completamente o contexto das Escrituras, que deixam
claro que o cobrir a cabeça com um manto era sinal de humilhação, como
ainda esse costume é idêntico ao costume do antigo clero do império romano.
Por esta razão, deve-se suspeitar desse tipo de costume.
IV.11 - Shaʼul (Paulo) e Corinto
" O contraste entre o costume bíblico e o costume romano é
particularmente relevante para compreender o contexto de Curintayah Alef (1
Coríntios) 11:4, onde Shaʼul (Paulo) afirma:
“Todo o homem que ora ou profetiza, tendo a cabeça oculta [mʼkassai], desonra
a sua própria cabeça.”
" É importante o leitor compreender que a expressão aramaica “kassai”
significa literalmente algo que está “oculto/encoberto.” É análoga à raíz
hebraica “kassá”, que significa a mesma coisa.
" Um exemplo dessa raíz pode ser visto em Bereshit/Gênesis 24:65, com
Rikvah (Rebeca) quando se aproxima de Yitschak (Isaque):
“Então tomou ela o véu e cobriu-se. [titʼkas]”
"
" O que fez Rivkah (Rebeca) aqui? Tomou um véu e ocultou-se, como era
costume nupcial na região do oriente médio - aliás, costume que influencia até
as práticas ocidentais da atualidade.
" Pode-se ver ainda um outro uso do termo:
“Quando partir o arraial, Aron e seus filhos virão e tirarão o véu da tenda, e com
ele cobrirão [vechissu] a arca do testemunho;” (Bamidbar/Números 4:5)
" A arca era literalmente encoberta pelo véu, que a ocultava.
" Há muitos outros usos do termo, como por exemplo o das águas
cobrindo o mar (Is. 11:9), a glória de Elohim cobrindo o Sinai (Ex. 24:16),
Elohim cobrindo os olhos de pessoas (Is. 29:10), e assim por diante. O
importante aqui é percebermos que a raíz traz sempre essa idéia de um
encobrimento que oculta.
" Ou seja, pode-se entender que Shaʼul (Paulo) era contra o uso de
chapéus, turbantes, etc.? Pode-se, ainda, supor que essa passagem é
contrária ao uso da kipá?
" A resposta é não. O termo aqui não se aplica de forma alguma a
qualquer desses elementos, e sim ao ato de encobrir a cabeça, como quem
coloca um véu. Sequer faria sentido que Shaʼul (Paulo) considerasse esse
costume condenável visto que não apenas o costume do uso de turbantes
aparece nas Escrituras, como era comum também em meio a muitos povos da
região. Não faria sentido, portanto, o escândalo com tal coisa.
" Shaʼul (Paulo) também não poderia estar se referindo à kipá. Por mais
que essa última seja de origem pagã, esse costume não existia naqueles
tempos, conforme será abordado mais adiante.
" Para entender Shaʼul (Paulo), é simples: Basta relembrarmos o que a
Bíblia diz acerca desse ato. Como vimos, os homens encobriam suas cabeças
em sinal de luto, vergonha ou humilhação. Seria, portanto, um grande choque
para qualquer israelita da época ver pessoas rezando com as cabeças
encobertas. Imediatamente, um israelita pensaria que aquela congregação
estava clamando por ter cometido um grande pecado, ou estaria entristecida
com algo que lhe ocorrera. Vale relembrar que os israelitas dos tempos bíblicos
costumavam compreender que se uma catástrofe havia lhes afligido, era em
razão de terem dado brecha por razão do pecado.
" Corinto tinha um alto número de convertidos não-israelitas de origem, e
certamente tais pessoas teriam estado habituadas ao costume romano do
capite velato.
" Além de ser interpretado como um ato de humilhação, ainda poderia ser
confundido com o costume das mulheres, que usavam véu regularmente nos
serviços religiosos. Observando esse contexto, fica fácil compreender o que
Shaʼul (Paulo) queria dizer.
" A conclusão da instrução de Shaʼul (Paulo) é exatamente a mesma que
alguém teria de ler o Tanach (Primeiro Testamento): Não se deve cobrir/ocultar
a cabeça, exceto quando se está humilhado/entristecido.
" Isso inclui o uso do talit para cobrir a cabeça para fazer orações que,
como visto, é muito posterior aos tempos bíblicos, e pode até mesmo ter sua
origem no costume pagão de Roma.
" Se formos voltar às práticas bíblicas, o cobrir a cabeça (que poderia ser
com o talit, por exemplo), caberia em um momento de jejum ou arrependimento
de pecado, numa liturgia lamuriosa como no Yom Kipur (Dia da Expiação), ao
orar por razão de uma tragédia, em momento de luto, enfim, algo dentro desse
contexto, e não numa prática de oração e/ou cânticos de louvor a Elohim
convencionais, do dia-a-dia.
" Mesmo assim, é importante que o leitor compreenda que esse era um
costume bíblico, e não uma obrigação. A Bíblia jamais instrui que alguém que
esteja se sentido humilhado, triste ou envergonhado é obrigado a cobrir-se com
um manto. Tal prática, sendo assim, é totalmente opcional.
V - A Literatura Judaica e a Evolução do Costume
" E o que revela a literatura judaica sobre a questão do cobrir a cabeça?
Abaixo, uma investigação detalhada da Mishná e do Talmud.
V.1 - Na Mishná: Costume Cultural Unissex
" Na Mishná, que foi compilada no século 2 DC, não há qualquer registro
de cobertura de cabeça para o povo com fins religiosos. Pelo contrário, a
Mishná faz relatos de tais coisas como se fossem unicamente objetos de
vestimenta comum. Aliás, vestimenta essa que era utilizada por homens e
mulheres, indiscriminadamente:
! "As franjas de um lençol, um cachecol, um xale de cabeça, um chapéu
de feltro… as franjas de uma capa grossa, um véu, uma camisa, ou uma
capa… as franjas de um xale de cabeça de uma mulher idosa, ou os xales de
rosto dos árabes, as vestes de pelo de bode dos cilícios, ou de um cinto de
dinheiro, ou de um turbante ou de uma cortina são considerados conectivos
independentemente de seu comprimento." (m. Kelim 29:1)
" Isso confirma a nossa observação de que, pelo menos até o século 2
DC (e portanto igualmente nos tempos de Yeshua), não havia entre o povo
sequer o conhecimento do uso de cobertura de cabeça para fins religiosos,
nem mesmo entre os pʼrushim (fariseus.)
V.2 - Costume Cultural, e Não-Unânime.
" Praticamente não há menção no Talmud, que foi compilado entre os
séculos 3 e 6 DC, do hábito de cobrir a cabeça, que não seja apenas um hábito
cultural. O Talmud chega a relatar, por exemplo, que os homens cobriam ou
não a cabeça, culturalmente:
! "Os homens às vezes cobrem suas cabeças, às vezes não; mas o
cabelo das mulheres está sempre coberto, e as crianças estão sempre com a
cabeça descoberta."
(b. Nedarim 30b)
" O hábito de usar turbantes ou xales enrolados sobre a cabeça era tão
comuns, que o Talmud chega a questionar se o contato deles com coisas tidas
pelos pʼrushim (fariseus) como sagradas seria um problema. Abaixo há dois
exemplos disso:
! "Um [Baraita] ensinou: Um homem pode atar tefilin usando seu
aparkesut [uma cobertura de cabeça que ia até o corpo] junto com seu
dinheiro, enquanto outro ensina: Ele não deve amarrá-los!" (b. Berachot 23b)
! "Eles são confiáveis [apenas] acerca de pequenos vasos de barro para
coisas sagradas… mesmo se a cobertura de cabeça [do oleiro] cair neles." (b.
Chaguigá 26a)
" Uma situação curiosa é o apelido de um dos sábios do Talmud, que é
chamado de “cabeça careca”, o que é mais um indício de que o hábito de
cobrir a cabeça não era unânime na época:
! "Não foi ensinado: Ben Azzai diz: Todos os sábios de Israel são, em
comparação comigo, finos como a casca do alho, exceto pelo cabeça
careca?" (b. Bechorot 58a)
V.3 - Em alguns casos: Hábito para Casados
" Outro hábito cultural citado pelo Talmud era o de que homens casados
andassem com uma espécie de sudário (conforme o rabino Dr. I. Epstein, editor
da edição Soncino do Talmud, explica em nota de rodapé para b. Kidushin
29b). Ou seja, um pano que era amarrado à cabeça, provavelmente
semelhante a algum tipo de turbante.
" Mesmo esse hábito entre homens casados sequer era unânime,
conforme o próprio Talmud deixa claro. Vejamos as citações:
! "R. Hisda louvou R. Hamnuna perante R. Huna como um grande
homem. Ele lhe disse: 'Quando ele te visitar, traga-o a mim.' Quando ele
chegou, ele viu que ele não usava cobertura [de cabeça]. Por que você não
está usando cobertura de cabeça?' - perguntou ele. 'Porque eu não sou
casado', foi a resposta." (b. Kidushin 29b)
! "Rabina se sentava perante R. Jeremiah de Difti quando um certo
homem passou sem usar sua cobertura de cabeça. Que despudorado aquele
homem! - ele exclamou. Ele lhe disse: Talvez ele seja da cidade de Mehasia,
onde os acadêmicos são muito comuns." (b. Kidushin 33a)
" Percebe-se ainda, pelo relato acima, que o uso era apenas uma questão
de pudor, provavelmente influenciada por alguma cultura adjacente, uma vez
que nem a Bíblia, nem mesmo a Mishná, mencionam esse hábito em meio ao
povo de Israel. E, como pode ser visto, a revolta de R. Jeremiah, e o
comentário de Rabina, indicam que o hábito não era comum a todo o povo.
V.4 - O Costume do Luto
" O Talmud também reconhece o hábito, mencionado na Bíblia, de se
cobrir a cabeça (como quem se cobre com um manto) em caso de luto, e faz
menção ao mesmo costume:
! "Raba disse: Um pranteador pode andar em sua cobertura [rasgada]
dentro de casa [no Shabat.] Abaye encontrou R. Joseph entrando e saindo de
sua casa, com sua cabeça coberta com um pano [no Shabat.]."
(b. Mo'ed Katan 24a)
! "Quando o Templo foi destruído, acadêmicos e nobres se envergonharam
e cobriram suas cabeças." (b. Sotá 49a)
! "E Mordechai retornou ao portão do rei. R. Sheshet disse: Isto indica que
ele retornou ao seu pano de saco e jejum. E Haman se apressou para sua
casa, pranteando e cobrindo sua cabeça; pranteando por sua filha, e com sua
cabeça coberta em razão do que lhe acontecera." (b. Meguilá 16a)
" Conforme já visto, o costume de cobrir a cabeça (como quem se cobre
com um manto) era também um elemento cultural, extensível a outros povos do
oriente médio.
V.5 Seriam os Cohanim a fonte?
" O Talmud traz algumas discussões e relatos sobre a cobertura de
cabeça dos cohanim (sacerdotes), porém são unicamente relatos descritivos,
sem nenhuma colocação de que o hábito deveria ser estendido ao povo, ou
mesmo a rabinos. Enfim, nada que sirva para elucidar o tema em voga.
" Mas, e quanto a outras menções de cobertura de cabeça para fins
religiosos?Existem apenas quatro citações de cobertura de cabeça, com
finalidade religioso.
" Duas delas, referem-se a um mesmo caso, o de R. Huna, que viveu no
século 3 DC, é o primeiro personagem que aparece no Talmud como sendo
alguém que cobria a cabeça regularmente, por motivos religiosos.
R. Huna Ben R. Joshua não andava quatro cúbitos com a cabeça descoberta,
dizendo: A Shechiná está sobre a minha cabeça." (b. Kidushin 31a).
! R. Huna esperava, inclusive, uma recompensa celestial para esse fato:
"R. Huna Ben R. Joshua disse: Que eu possa ser recompensado por nunca
andar quatro cúbitos com a cabeça descoberta." (b. Shabat 118b)
! Só que existe um detalhe importante sobre R. Huna. Ele era um cohen
(sacerdote), conforme o próprio Talmud afirma em b. Arachin 23a.
Considerando que nenhum outro acadêmico do Talmud aparece defendendo
cobertura da cabeça por razões religiosas, não é difícil perceber que R. Huna
se sentia obrigado a cobrir sua cabeça por ser um cohen (sacerdote). A Torá
determinava, conforme vimos, que os cohanim (sacerdotes) usassem turbantes
de linho. Todavia, a recomendação era unicamente para o serviço no Mikdash
(Santuário), e não algo para o dia-a-dia. Provavelmente, R. Huna levou essa
recomendação ao extremo.
V.6 - A Influência Pagã é Admitida
" As outras duas citações do Talmud que mencionam uso religioso de
cobertura de cabeça não são muito animadoras.
"
" A primeira delas se encontra em b. Shabat 156a. É importante que o
leitor compreenda que este folio do Talmud se inicia debatendo o costume
pagão de atribuir o destino aos astros. Depois de algumas discussões sobre
isso, o Talmud narra:
! "De R. Nachman b. Isaac também [aprendemos que] Israel está livre de
influência planetária. Pois a mãe de R. Nachman b. Isaac foi alertada por
astrólogos: Seu filho será um ladrão. [Então] ela não o deixava [ficar] com a
cabeça descoberta, dizendo-lhe: 'Cobre tua cabeça para que o temor dos céus
esteja sobre ti, e ora [por misericórdia.]' Agora, ele não sabia o porquê ela dizia
isso a ele. Um dia ele estava sentando e estudando sob uma palmeira; a
tentação o sobrepujou e ele subiu e mordeu um cacho com seus dentes."
(b. Shabat 156b)
" Vê-se aqui a influência da astrologia em meio ao povo. Essa influência já
foi discutida em alguns de nossos materiais, em especial em nosso primeiro
artigo sobre a origem pagã da Cabalá. Perceba que, ao ser alertada por
astrólogos, a mãe do rabino Nachman, por ato de superstição, cobre a cabeça
de seu filho, tentando assim protegê-lo da influência dos astros. Essa é
exatamente a razão pela qual os babilônios, que viviam em constante temor da
influência dos seus deuses-astros, cobriam suas cabeças! E justamente aqui,
vê-se que quando sua cobertura de cabeça caiu, ele então foi vencido pela
“influência dos astros” - algo que é completamente estranho às Escrituras, mas
que está profundamente arraigado na cultura babilônia.
" A outra praticamente chega a admitir o sincretismo religioso:
! "Trazei as vestimentas para os adoradores de Ba'al. O que é meltaha?
R. Abba b. Jacob disse em nome de R. Johanan: Algo que é delineado fino
pela unha (ie. linho fino). Quando R. Dimi veio, ele disse em nome de R.
Johanan: Bonias Ben Nonias enviou ao Rabi um sibni e um homes e salsela e
malmela. O sibni e homes [dobravam] ao tamanho de uma noz e meia, e a
salsela e a malmela ao tamanho de uma noz de pistache e meia. O que é
malmela? Algo que a unha mede como fino.” (b. Guitin 59a)
" Aqui o Talmud menciona que um rabino recebeu de presente de uma
pessoa uma vestimenta de um adorador de Baʼal!
" O mais interessante é o comentário do rabino Dr. I. Epstein, que aparece
ao rodapé desse texto na edição Soncino:
! “Coberturas de cabeça feitas de linho. [O Aruch lê: subni e homes subni.
Para subni cf.grego ** (sabanum) uma ʻcobertura de cabeçaʼ; homes é derivado
do grego ** (metade). Segundo essa leitura, ele lhe enviou um sabanum de
tamanho cheio, e um sabanum de metade do tamanho. V. Krauss, TA I, p.
521.]”
" Veja que interessante: O texto fala de cobertura de cabeça, e usa o
termo “homes.” Esse termo vem do grego “hemi”, que significa literalmente
“metade”, e é usada em termos como “hemisfério.” Porém, a aplica à cobertura
de cabeça, além de associá-la aos adoradores de Baʼal, ou seja, a sacerdotes
pagãos.
" Isso se encaixa totalmente com a descrição da cobertura de cabeça
associada aos deuses gregos, que, como visto anteriormente, tem exatamente
o mesmo formato da kipá, isto é, um formato de um hemisfério, ou seja, de
metade de uma esfera!
" O leitor atento perceberá que, até o momento, não havia nenhuma
menção nem no Talmud nem na Mishná sobre qualquer tipo de cobertura de
cabeça semelhante à kipá. A única que existe, e que pode-se deduzir uma
semelhança estética com a kipá, é indicada pelo Talmud como pertinente a
sacerdotes pagãos!
" O costume de cobrir a cabeça de forma litúrgica, especialmente com
uma kipá, só começou a se expandir pelo Judaísmo por volta do final do século
7 ou início do século 8, mesma época o que marcou a expansão da Cabalá,
cuja origem, como vimos, também remonta aos mistérios de Mitra.
" A importação do costume da kipá a partir do paganismo é admitida
abertamente pelos pʼrushim (fariseus). O rabino ortodoxo Rudolph Brash, em
sua obra “The Star of David”, afirma:
! "O paradoxo reside no fato de que essa prática (de cobrir a cabeça),
considerada fundamentalmente judaica e santa pela tradição antiga, na
realidade é pagã, e em termos de cronologia judaica, comparativamente
moderna. A verdade é que a prática de cobrir a cabeça foi copiada do seu
ambiente pelos judeus babilônios. Esses judeus babilônios levaram o seu
costume para os litorais da Espanha no século 8 AD, quando ele se tornou
firmemente estabelecido. Contudo, ao mesmo tempo em outros cantos da
Europa, era desconhecido. A história registra que, na mesma época, jovens
[judeus] alemães eram chamados para a leitura da Torá com a cabeça
descoberta. A cobertura da cabeça, apesar de naquele momento ser praticada
na Espanha e em Portugal, não tinha tomado raíz no leste ou norte da Europa.
Um famoso rabino do século dezesseis, o rabino Moses Isserles, cuja obra está
inclusa no livro 'O Código da Lei Judaica - o Shulchan Aruch', ensinava que 'a
cobertura da cabeça não poderia ser considerada um princípio religioso.' Ainda
mais recentemente, no século dezoito, a eminente autoridade judaica, rabino
Eliyah Gaon de Vilna, afirmava: 'De acordo com a Lei Judaica, é permitido
entrar numa sinagoga sem cobrir a cabeça.'”
" De fato, a história confirma que os primeiros a adotarem o costume da
kipá, no século 8, foram os judeus sefaradim, na Península Ibérica. Na época,
o costume era completamente estranho à prática dos judeus ashkenazim, que
continuavam a rezar com suas cabeças descobertas. Pouco a pouco, o
costume foi ganhando força no meio judaico, até se tornar bastante presente
em todas as comunidades.
" Contanto, o costume só ganhou status definitivo de obrigatoriedade
religiosa com o Shulchan Aruch, no século 16, quando, baseado na prática que
vimos de R. Huna no Talmud, afirmou que um homem não pode andar mais do
que quatro cúbitos com a cabeça descoberta (Orach Chayim 2:6.)
VI - Onde está a verdadeira identidade?
" É no mínimo bastante curioso observar que até mesmo em
congregações de seguidores de Yeshua que restauram as raízes judaicas da
fé, obriga-se os homens a fazerem uso da kipá, algo que não só apenas se
tornou obrigatório no meio judaico a partir do século 16, como ainda é de
origem pagã. Essa obrigação é anacrônica (nenhum judeu do primeiro século
usava tal coisa), abominável (por ter sua origem na prática babilônia), além de
ser uma exigência que a Bíblia jamais impôs a ninguém.
" É triste também observar que muitos usam a kipá, considerando-a um
símbolo de judaicidade - embora não seja, pois outros grupos religiosos com
costumes que também derivam do Mitraísmo também façam uso dela, tal qual
os padres romanos, e os zoroastristas.
" Em contrapartida, existe um número muito menor de pessoas que faz
uso regular dos tsitsiyot, as franjas que a Torá determina em Bamidbar
(Números) 15 e em Devarim (Deuteronômio) 22. Essas sim são um símbolo do
povo de Israel, determinado por Elohim.
VII - E agora, o que fazer?
" Talvez alguns leitores, após tomarem contato com este material, sintamse
em situação delicada, por terem que ir a um local que exija que a cabeça
esteja coberta. Se alguém, por exemplo, for convidado a assistir a um
casamento judaico, ou a falar sobre Yeshua e/ou a Torá em uma sinagoga que
tenha essa hábito. O que fazer, nesse caso?
" É importante que o leitor compreenda que, embora a kipá e o hábito de
cobrir a cabeça por “temor aos céus” sejam de origem pagã, as Escrituras não
são contra o uso de chapéus e outros adornos de cabeça. Sendo assim, a
recomendação que se dá é a de que a pessoa opte por algum outro tipo de
adorno de cabeça, tal como um chapéu convencional, uma boina ou boné,
enfim, algo que seja destituído de significação religiosa. Normalmente, esse
tipo de cobertura de cabeça é aceito mesmo nas sinagogas ortodoxas.
" Em sua prática pessoal, ou em sua comunidade, o israelita do caminho,
todavia, não deve utilizar cobertura de cabeça, nem cobrir sua cabeça com talit,
salvo em caso de luto, tristeza ou humilhação, como é o costume bíblico, e com
era o costume judaico nos tempos de Yeshua.
VIII - Conclusões
" Abaixo, um resumo do que foi abordado neste estudo:
✓ A kipá, ou solidéu, não é um símbolo judaico, mas tem sido usada por
vários grupos étnicos de diversas religiões pagãs.
✓ A kipá, ou solidéu, não se originou em meio a Israel, e sim na cobertura
das tonsuras, na região da Mesopotâmia, em conexão à adoração ao
deus-sol.
✓ A kipá, ou solidéu, foi importada por diversas religiões, a partir de seu
contato com a cultura babilônia, especialmente com os mistérios do
Mitraísmo.
✓ Nos tempos bíblicos, os israelitas comuns não tinham por hábito cobrir a
cabeça para fins religiosos.
✓ A cobertura de cabeça que aparece nas Escrituras era fundamentalmente
um turbante.
✓ Elohim ordenou que os cohanim (sacerdotes) usassem turbantes de linho
simplesmente porque isso indicava status social na região do Oriente
Médio, e com isso o povo os identificaria como líderes escolhidos. Não
há, nas Escrituras, a idéia de que tal coisa significasse “temor dos céus.”
✓ Nem Yeshua, nem seus seguidores, usavam kipá ou qualquer cobertura
de cabeça para fins religiosos. Essa prática só surge no Judaísmo entre
os séculos 3 e 6.
✓ A prática só tomou volume no final do século 7, ou início do século 8,
entre os judeus sefaradim. Ainda assim, a prática era desconhecida pelos
ashkenazim.
✓ A Bíblia ressalta que o cobrir a cabeça com um manto era sinal de
vergonha, humilhação ou tristeza.
✓ O costume de cobrir-se com o talit (especialmente no caso do chazan)
para orações convencionais vai contra o costume bíblico, e era
desconhecido no Judaísmo antigo. Esse costume pode ter se originado
no costume romano, pois é a marca do antigo sacerdócio romano.
✓ Pelas razões acima citadas, além de não se usar kipá, deve-se também
evitar cobrir a cabeça com talit nas orações, salvo opcionalmente nos
casos de vergonha, humilhação ou tristeza, conforme o costume das
Escrituras.
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