Quem Somos Somos judeus e efraimitas nazarenos, observantes da Torá e crentes no Mashiach Yeshua, vivendo a fé do primeiro século. * Não somos cristãos * Não somos missionários * Não convertemos judeus * Não somos judeus tradicionais ou ortodoxos * Não nos preocupamos em agradar a homens * Somos 100% pró-Israel * Pregamos o amor entre os povos, e a adoração a YHWH, o Único e Verdadeiro Elohim
segunda-feira, 24 de julho de 2017
A verdade sobre a origem da mezuzá
A Verdade sobre a Mezuzá
I - Introdução
" Após termos estudado o Shemá e o tefilin à luz das Escrituras,
descobrindo as práticas originais e separando-as de mitos e sincretismos
rabínicos, muitos se indagavam a respeito da mezuzá.
" A seguir, apresentamos um estudo bastante detalhado da questão da
mezuzá. Todavia, para não se tornar excessivamente extenso por repetição,
este artigo parte da importante premissa de que o leitor já está familiarizado
com os estudos supracitados, e os referencia como assuntos já esclarecidos.
A quem ainda não o tenha feito, sugere-se que leia a ambos (nessa ordem)
antes de dar sequência neste estudo.
II - Análise das Escrituras
" A mitsvá (mandamento) da mezuzá é derivada de duas passagens
bíblicas. Todavia, antes de analisá-las, é importante que já se tenha lido o
nosso artigo sobre o Shemá original, onde demonstramos que as “palavras” a
que o texto de Devarim/Deuteronômio 6 se referem nada mais são do que as
palavras dos Asseret HaDibrot (Dez Ditos/“Mandamentos.”) No artigo,
demonstramos inclusive que esse era o entendimento do Judaísmo na
antiguidade, conforme atestado por achados arqueológicos e pelas próprias
fontes da literatura judaica.
II.2 - Devarim/Deuteronômio 6
" Tendo isso em mente, analisemos a primeira passagem:
“Ouve, Israel, YHWH nosso Elohim, YHWH é um. Amarás, pois, a YHWH teu
Elohim de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças.
E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; E as ensinarás a
teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e
deitando-te e levantando-te. Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão
por frontais entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa, e
nas tuas portas.” (Devarim/Deuteronômio 6:4-9)
" Em nosso estudo sobre tefilin, vimos como a própria Torá nos demonstra
que “atar na mão e colocar por frontal entre os olhos” são expressões
simbólicas. Mas, fica a dúvida: Será que o texto referente à mezuzá é
alegórico?
" Por este trecho, pura e simplesmente, não é possível concluir que o
texto seja alegórico. Vejamos o que nos revela o outro texto referente à
mezuzá.
II.3 - Devarim/Deuteronômio 11
“Ponde, pois, estas minhas palavras [et hadevarai] no vosso coração e na
vossa alma, e atai-as por sinal na vossa mão, para que estejam por frontais
entre os vossos olhos. E ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentado
em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te; E
escreve-as nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas.” (Devarim/
Deuteronômio 11:18-20)
Primeiramente, é preciso compreender a que “palavras” o texto está se
referindo. Para isso, voltemos um pouco no contexto. Lembremos que Moshe
(Moisés) está recontando a trajetória do povo de Israel. Ele narra uma série de
dados sobre a viagem de Israel, e faz uma série de recomendações, mas uma
delas nos chama a atenção:
“Naquele mesmo tempo me disse YHWH: Alisa duas tábuas de pedra, como as
primeiras, e sobe a mim ao monte, e faze-te uma arca de madeira; E naquelas
tábuas escreverei as palavras que estavam nas primeiras tábuas, que
quebraste, e as porás na arca. Assim, fiz uma arca de madeira de acácia, e
alisei duas tábuas de pedra, como as primeiras; e subi ao monte com as duas
tábuas na minha mão. Então escreveu nas tábuas, conforme à primeira
escritura, os dez ditos [asseret hadevarim], que YHWH vos falara no dia da
assembléia, no monte, do meio do fogo; e YHWH mas deu a mim; E virei-me, e
desci do monte, e pus as tábuas na arca que fizera; e ali estão, como YHWH
me ordenou.” (Devarim/Deuteronômio 10:1-5)
" É possível perceber que o contexto é muito semelhante ao de Devarim/
Deuteronômio 6, e que portanto essas “palavras”, a exemplo do que ocorre no
primeiro, refere-se aos Asseret HaDibrot (Dez Ditos/“Mandamentos”).
" Aqui temos um claro indicativo de alegoria no primeiro passuk
(versículo), que fala sobre colocar as palavras na alma, no coração, na mão e
entre os olhos. O termo aqui traduzido como “alma” refere-se à vida. O coração
era o centro dos pensamentos, na cultura israelita. A mão indicava as ações. E
os olhos indicavam o objetivo avistado, pois na cultura israelita os olhos
serviam para enxergar o caminho. Sendo assim, a Torá deveria estar no dia-adia,
no pensamento, nas ações e nos objetivos de todo israelita.
" Logo depois, todavia, a Torá começa a falar de forma mais literal, ao
dizer, por exemplo, que aquelas palavras deveriam ser ensinadas aos filhos.
Mais uma vez, o contexto puro e simples da passagem torna difícil determinar
se a orientação de escrever as palavras é alegórica ou literal.
III - Outros Exemplos na Bíblia
" Como podemos fazer para compreender se a passagem é alegórica ou
literal? A resposta é bastante simples: Temos que nos fazer três perguntas
básicas.
1) Existe algum exemplo de simbologia que possa ser analisado?
2) Existe algum exemplo de uso literal semelhante?
3) Caso a mitsvá (mandamento) seja literal, existe um objetivo claro?
" A própria Bíblia interpreta a Bíblia. As respostas a essas perguntas nos
definirão se a mezuzá é alegórica ou literal.
III.1 Existem exemplos de uso simbólico?
" O termo “mezuzá” (ou derivativo) aparece dezenove vezes no Tanach
(Primeiro Testamento.) Praticamente todas as instâncias em que aparece são
literais. Por razões de brevidade, apresentaremos apenas a lista de pʼssukim
(versículos): Ex. 12:7,22,23, 21:6; Jz. 16:3; 1 Sm. 1:9; 1 Re. 6:31, 6:33, 7:5; Is.
57:8; Ez. 41:21, 43:8, 45:19, 46:2.
" Em uma passagem apenas, o termo aparece de forma alegórica, em
Mishlei/Provérbios 8:34, em que a sabedoria personificada descrita pro Shlomo
(Salomão) diz:
“Bem-aventurado o homem que me dá ouvidos, velando às minhas portas cada
dia, esperando às ombreiras [mezuzot] da minha entrada. Porque o que me
achar, achará a vida, e alcançará o favor de YHWH.”
(Mishlei/Provérbios 8:34-35)
" Qual o sentido aqui observado? Que bendito é o homem que busca a
sabedoria incessantemente. O “esperar às portas” nos remete à imagem de
uma pessoa esperando ansiosamente para que a outra saia de casa, de modo
a encontrá-la logo. Porém, repare que mesmo dentro da alegoria, o sentido
dado à palavra “mezuzá” (umbral) é literal. A palavra é usada para construir a
imagem de alguém esperando à porta, e não para simbolizar algo que não seja
propriamente um umbral.
" Ou seja, não temos nenhum uso puramente simbólico do termo
“mezuzá” nas Escrituras.
III.2 Existem exemplos de uso literal semelhante?
" Por outro lado, a resposta é afirmativa para o outro caso. Temos um
exemplo de uso literal do termo mezuzá (umbral) para fins rituais. Vejamos o
relato abaixo:
“E tomarão do sangue, e pô-lo-ão em ambas as ombreiras [mezuzot], e na
verga da porta, nas casas em que o comerem... Então tomai um molho de
hissopo, e molhai-o no sangue que estiver na bacia, e passai-o na verga da
porta, e em ambas as ombreiras [mezuzot], do sangue que estiver na bacia;
porém nenhum de vós saia da porta da sua casa até à manhã. Porque YHWH
passará para ferir aos egípcios, porém quando vir o sangue na verga da porta,
e em ambas as ombreiras [mezuzot], YHWH passará aquela porta, e não
deixará o destruidor entrar em vossas casas, para vos ferir.”
(Shemot/Êxodo 12:7,22-23)
" A instrução supracitada era literal. Após sacrificarem o cordeiro, na
ocasião da saída do Egito, o povo deveria passar o sangue do cordeiro sobre
os umbrais (mezuzot) das suas casas, a fim de que Elohim os poupasse,
quando da ocasião das pragas do Egito.
" Ou seja, temos um precedente bíblico de uma instrução literal acerca
dos umbrais das portas.
III.3 Existiria um propósito para uma mitsvá (mandamento) literal?
" O fato de termos na Torá um uso ritualístico literal, e não termos nas
Escrituras nenhum uso simbólico já seriam praticamente razão suficiente para
entendermos essa mitsvá (mandamento) como sendo literal. Todavia, é
possível ir além e buscar confirmação no propósito da mitsvá (mandamento).
" Por que o Eterno iria pedir aos israelitas que escrevessem os Asseret
HaDibrot (Dez Ditos/“Mandamentos”) nos umbrais das portas?
" Para entendermos isso, é preciso dar um passo anterior e compreender
qual foi o propósito do Eterno ao destacar os Asseret HaDibrot, dando-os na
forma das chamadas tábuas da lei.
" Lembremos que o povo nos tempos primitivos não tinham acesso fácil
às Escrituras. Rolos de escritura eram caríssimos, feitos de pele de animais, e
copiados à mão num processo que poderia levar anos. Para se ter uma idéia,
nos dias de hoje, um bom rolo de Torá custa o preço de um carro popular. E
isso considerando-se todas as facilidades do mundo moderno para obtenção
da matéria prima. Imagine, portanto, como seria naquela época.
" Portanto, o povo não tinha acesso fácil aos ensinamentos da Torá. Na
realidade, o povo ouvia as palavras da Torá somente uma vez a cada sete anos
(!), quando da ocasião da festa de Sukot (Tabernáculos):
“E ordenou-lhes Moshe, dizendo: Ao fim de cada sete anos, no tempo
determinado do ano da remissão, na festa dos Sukot, quando todo o Israel vier
a comparecer perante YHWH teu Elohim, no lugar que ele escolher, lerás esta
lei diante de todo o Israel aos seus ouvidos. Ajunta o povo, os homens e as
mulheres, os meninos e os estrangeiros que estão dentro das tuas portas, para
que ouçam e aprendam e temam a YHWH vosso Elohim, e tenham cuidado de
fazer todas as palavras desta Torá.” (Devarim/Deuteronômio 31:10-12)
" Qual era, portanto, a função dos Asseret HaDibrot (Dez
Ditos/“Mandamentos”)? Eles funcionavam como uma espécie de resumo, ou
compêndio, dos principais aspectos da Torá. Eles ajudariam o povo a viverem
de acordo com a vontade de Elohim no seu dia-a-dia, bem como a
compreenderem o propósito da Torá quando a ouvissem ao final de cada sete
anos.
" E se o povo não tinha acesso às Escrituras, faz sentido que
escrevessem esse compêndio da Torá nos umbrais das portas, talhando-as na
madeira ou na pedra, ou talvez fazendo selos de argila, como era costume na
região da mesopotâmia. Essas palavras eram a única forma de contato mais
direto das pessoas com as Escrituras! Portanto, além da confirmação
contextual das Escrituras, trata-se de algo que tem um propósito bastante
importante.
" Mesmo para nós, que temos acesso fácil às Escrituras, o propósito da
Torá permanece, uma vez que todos aqueles que passarem por nossas portas
irão tomar contato com o testemunho e a mensagem da Palavra de Elohim.
Além disso, todas as vezes que entramos ou saímos de nossos lares, lá estão
as palavras do Altíssimo nos lembrando de como deve ser a nossa conduta.
" O propósito, portanto, é semelhante ao da recitação do Shemá (vide
artigo sobre o Shemá original), que era outra forma do povo memorizar o cerne
da vontade de Elohim para nossa conduta.
" Infelizmente, esse propósito do escrever os Asseret HaDibrot (Dez
Ditos/“Mandamentos”) nos umbrais (mezuzot) se perdeu quando a mitsvá
(mandamento) foi reduzida à confecção de um amuleto, conforme veremos
mais adiante.
IV - Mudanças no Mandamento
" Os próprios pʼrushim (fariseus) admitem que a mitsvá (mandamento
bíblico) em dado momento sofreu modificações. Já vimos, conforme dito
anteriormente, que a modificação textual tem relação com o banimento da
proclamação dos Asseret HaDibrot (Dez Ditos/“Mandamentos”.) Houve
também uma modificação na forma, conforme afirma o rabino Steven M.
Glazer:
! "As escrituras nos recomendam… escrever estas palavras nos umbrais
de nossas casas e sobre os nossos portões. Eu não tenho dúvidas de que nos
tempos antigos esse era literalmente o local [onde escreviam] mas em algum
ponto na antiguidade, desconhecido a nós, compartimentos passaram a ser
amplamente usados, ao invés de escrever as palavras diretamente nos
umbrais." (Rabino Steven M. Glazer, The Mezuza - Série em vídeo)
" Porém, o que aconteceu que levou essa mitsvá (mandamento) a passar
de escrita nos próprios umbrais (mezuzot) da porta, a transformar-se numa
caixinha afixada no umbral, ou ocultada numa fresta do mesmo? De onde
surgiu esse costume?
V - O Costume Babilônio
! É importante compreender que os babilônios viviam assombrados pela
idéia de perseguição constante de espíritos malignos (não muito diferente de
algumas seitas modernas.) Sobre isso, o acadêmico James Hastings escreve:
! "Mas uma porta fechada não é suficiente para afastar fantasmas e
demónios, uma vez que na Babilônia eles passavam por frestas, umbrais e
soquetes… por isso o valor dos amuletos para prevenirem isso." (James
Hastings, "Encyclopedia of Religion and Ethics.")
! Esta era a razão pela qual os babilônios estavam constantemente
cercados por encantamentos e amuletos. O temor era grande de que, sem tais
elementos, eles seriam destruídos por esses espíritos malignos, ou ofenderiam
aos deuses de seu panteão.
" Em nosso material sobre “tefilin” citamos um texto de E. A. Wallis Budge
acerca do costume babilônio do uso de amuletos. Porém, propositadamente
deixamos para citar a passagem completa neste material , uma vez que a
continuação tem justamente relação com o tema aqui estudado. Abaixo, a
citação completa, com o texto complementar, em negrito:
"Os sumérios inventaram e desenvolveram um sistema de escrita, e as
inscrições que eles gravaram em tábuas de argila e pedra sugerem que eles
viviam vidas ansiosas e tinham um medo perpétuo do ataque do exército de
espíritos hostis e malignos que não perdiam a oportunidade de lhes fazer o
mal. Para se protegerem contra esses, empregavam encantamentos e magias
e feitiços, e para destruir as operações do olho mal, eles usavam amuletos de
diversos tipos. E para proteger suas casas, eles enterravam pequenas
figuras de argila nas fundações, e as inseriam nas paredes."
VI - Análise da Literatura Farisaica
" Esse tipo de costume também foi herdado pelos israelitas na diáspora
babilônia, e legitimado pelos pʼrushim (fariseus), conforme veremos a seguir:
1) Magia à Porta
" Os pʼrushim (fariseus) adotaram dos babilônios esse hábito de colocar
amuletos e realizar encantamentos à porta das casas. Podemos ver alguns
exemplos disso abaixo, com alguns dos rituais recomendados pelo Talmud:
"Para cegueira noturna, ele deve tomar um cordão feito de fio de cabelo
branco e com ele amarrar uma de suas próprias pernas à perna de um cão, e
crianças devem fazer barulhos com cacos de cerâmica atrás dele dizendo:
'Cão velho, galo estúpido.' Ele deve também tomar sete pedaços de carne crua
de sete casas e colocá-los no umbral, e [deixar o cão] comê-los no cinzeiro da
cidade. Depois disso, ele deve desamarrar a corda e dizer: 'Cegueira de A, filho
da mulher B, deixe A, filho da mulher B,' e eles devem soprar no olho do
cão." (b. Guitin 69a)
"Para enxaqueca, deve-se tomar um pica-pau e cortar sua garganta com
uma moeda branca de prata sobre o lugar da cabeça onde ele tem dor,
cuidando para que o sangue não o cegue, e deve pendurar o pássaro no seu
umbral para que possa esfregar-se nele quando entrar e quando sair." (b.
Guitin 68b)
2) Surge um Amuleto
"
" Não demorou para que a mitsvá (mandamento) do Eterno para que as
suas leis fossem escritas nas portas – de modo a que todos pudessem lê-las e
meditar sobre elas – fosse transformado em um amuleto. Em nosso estudo
sobre “tefilin” demonstramos que os pʼrushim tinham por hábito fazerem
amuletos a partir de textos bíblicos, costume importado dos babilônios que
tinham por hábito fazerem amuletos com encantamentos.
Assim sendo, ao invés da escrita à porta supracitada, os pʼrushim
(fariseus) transformaram a mitsvá (mandamento) numa fabricação de um
amuleto encapsulado – ao estilo dos demais que eles produziam – e que
deveria ser afixado ou ocultado em receptáculo à porta. Exatamente como
faziam os babilônios.
Não é surpresa que o mesmo hábito babilônio relatado acima é
encontrado na literatura farisaica. O rabino Geoffrey W. Dennis, por exemplo,
afirma:
"O Talmud Bavli distingue entre amuletos escritos e amuletos
populares… Muitos amuletos escritos eram enrolados e inseridos em tubos de
metal, de forma paralela à maneira como uma mezuzá é protegida e exibida.
Amuletos eram considerados uma parte regular da resposta médica à
enfermidade e os sábios falam de experientes fazedores de kamea que tinham
um histórico provado de fazerem amuletos eficazes. Eles também discutem os
critérios para julgarem um bom amuleto médico (Shabat 61b; Yomá 84a.) Das
amostras de amuletos da antiguidade que foram encontrados, os mais
interessantes são bacias de demônios, vasos de artesanato pintados com
encantamentos e enterrados sob o umbral de uma porta para aprisionar os
espíritos das profundezas que tentassem entrar." (Rabino Geoffrey W. Dennis,
"Encyclopedia Mythica: Amulet.")
3) Superstição sobre um Poder Sobrenatural
" A exemplo dos babilônios, os pʼrushim (fariseus) também atribuíram ao
seu amuleto uma superstição de poder sobrenatural, capaz de afastar agouros
e espíritos malignos. Sobre isso, o rabino Michael Leo Samuel afirma:
"Os antigos criam que um amuleto é supostamente investido de poder
mágico que pode afastar contratempo, doença, ou ataques de seres malignos -
quer demoníacos ou humanos. Um talismã é um objeto similarmente usado
para aumentar as potencialidades e sortes de uma pessoa. Amuletos e
talismãs são dois lados de uma mesma moeda. Os primeiros são feitos para
repelir o mal; os últimos, para atrair bênção e prosperidade. Historicamente, a
mezuzá combina ambas as características no folclore e literatura rabínica.
Desde a antiguidade remota, nossos ancestrais criam na habilidade da
mezuzá de proteger sobrenaturalmente um judeu não importando onde ele ou
ela estivesse. A mezuzá combina ambos os aspectos de um amuleto e de um
talismã, como mencionamos acima. Em uma conhecida passagem talmúdica
[b. Shabat 32a], descobrimos que alguns dos sábios criam que a promessa
bíblica de uma vida longa depende da observância da mezuzá."
(Rabino Michael Leo Samuel, "Is the Mezuzah an Amulet?")
Vemos evidências disso no próprio Talmud:
"Nenhuma cidade contendo mesmo uma única mezuzá pode ser
condenada… porque está escrito, [e destruirás os nomes deles - isto é, dos
ídolos - ] mas não farás isso a YHWH teu Elohim." (b. Sanhedrin 71a)
! "Rabá disse, a performance apropriada do preceito é afixar [a mezuzá]
na distância de uma mão mais próxima da cidade. Por que? - Os rabinos
dizem, para que alguém possa encontrar um preceito imediatamente [quando
retorna para casa]; R. Hanina de Sura diz, para que proteja toda a casa." (b.
Menachot 33b)
4) Uso Portátil do Amuleto Rabínico
" A “mezuzá farisaica” (chamemos assim para diferenciar da mitsvá/
mandamento bíblico) não era usada exclusivamente para as casas. Os
pʼrushim (fariseus) também tinham por hábito colocá-la em cajados, para que
os protegesse durante o caminho. Sobre isso, a Mishná diz:
" "Um cajado que tenha um receptáculo para dinheiro, uma bengala de
um pedinte que tenha um receptáculo para água, e uma vara que tenha um
receptáculo para uma mezuzá e para pérolas são susceptíveis à
imundícia." (m. Kelim 17:101)
" O Tosfot Yom Tov, comentário rabínico da Mishná, ao elaborar acerca da
passagem acima, confirma que a intenção dos pʼrushim ao colocar esse
amuleto no cajado era de fato a proteção pessoal, a exemplo da proteção que
o amuleto oferecia aos lares.
" Até os dias de hoje, os pʼrushim (fariseus) mantêm essa prática. O
rabino Eli J. Mansour afirma:
"É permitido colocar uma mezuzá em uma corrente e usá-la? Algumas pessoas
desejam usar uma mezuzá para proteção como um amuleto, ou para proteger
do Ayin Hará (olho mau.) Isso é permitido?
Chacham Ovadia Yoseph faz essa pergunta em Halichot Olam, Helek 8, página
216, e Rav. Moshe Feinstein também fez essa pergunta em Igrot Moshe, Y"D,
Helek Bet, Siman 141. Ambos saíram dizendo que é permitido colocar uma
mezuzá em uma corrente e usá-la. É claro, ela deve estar contida em um
compartimento. Novamente, eles legislaram que era permitido."
(Rabino Eli J. Mansour, “Mezuzah- Is It Permissible To Wear A Mezuzah or Put
A Mezuzah In A Car”)
5) O Misticismo do Judaísmo Moderno
" Até hoje, a mezuzá-amuleto farisaica é objeto de grande misticismo.
Talvez até mais do que nos tempos antigos.
" Com o passar do tempo, a tinta do pergaminho da mezuzá rabínica pode
apagar, ou borrar, e por isso os pʼrushim (fariseus) têm por hábito verificá-la em
determinados intervalos de tempo. Todavia, acredita-se que uma mezuzá que
esteja com problemas no texto - e que portanto não esteja “kasher” - pode
trazer infortuito até mesmo doenças sobre as pessoas que vivem na casa.
" No Judaísmo Rabínico, considera-se, semelhantemente, que o ajuste da
mezuzá pode restaurar o equilíbrio ou a saúde de uma casa. Sobre isso,
Alexander Poltorak afirma:
“Os tefilin e mezuzot, as propriedades mais preciosas do homem, podem ser
afetadas por perturbações na alma do seu dono. Uma inspeção cuidadosa
desses objetos, e a devida correção de quaisquer defeitos, se encontrados,
pode curar a alma, restaurando o equilíbrio e prevenindo aflições adicionais à
pessoa.” (Alexander Poltorak, “Mezuzah: a Reflection of the Soul”)
6) Invocações no Pergaminho
""""""""""A mezuzá ashkenazi moderna também traz
uma invocação cabalista nas costas do
pergaminho. Nela, conforme pode ser visto ao
lado, encontramos escrita de cabeça para baixo a
expressão Kuzu Bmuksz Kuzu” (“ (”כוזו במוכסז כוזו
" Essa invocação cabalista é uma
permutação de letras feita sobre o Nome do
Eterno, baseada nos segredos místicos da
Maʼasseh Merkavah (vide nosso artigo sobre
Cabalá.)
" Sobre ela, o rabino Moshe Idel afirma:
! “Em muitos manuscritos encontramos uma passagem que contém um
pentagrama, e ao lado dele está escirto: Esta é a Maʼassei Merkavah Kuzu
Bmuksz Kuzu, e sob essas letras está escrito: YHVH ELHYNU YHVH.”
(Moshe Idel, “Language, Torah and Hermeneutics in Abraham Abulafia”)
" Ou seja, trata-se de uma invocação mística diabólica, para dizer o
mínimo. Alexander Poltorak afirma ainda que essa invocação é realizada para
proteger contra demônios, e tem conexão com a astrologia:
! “Podemos sugerir que o fato das letras KUZU BMUKSZ KUZU estão
escritas de cabeça para baixo pode ser interpretado como uma maneira de
defletir influências malignas, espantando os maus tempos - como se mudasse
a corrente. Assim pode-se dizer que a mezuzá cumpre o papel de ʻescudoʼ
astrológico.” (Alexander Poltorak, “Mezuzah and Astrology”)
" Mais uma vez, percebemos que para os pʼrushim (fariseus) de nada
adiantou a proibição do Tanach (Primeiro Testamento) contra magia,
encantamentos, e envolvimento com astrologia.
7) A Versão Rabínica não era Unanimidade
" Essa versão-amuleto da mitsvá (mandamento) da mezuzá feita pelos
pʼrushim (fariseus) não era unanimidade nos tempos antigos. O próprio Talmud
afirma que ela não era utilizada em todas as sinagogas:
! "Se é assim, no caso de uma sinagoga e beit hamidrash onde também
não há mezuzá, não damos prioridade? O que dizes deve ser, numa passagem
de porta que é adequada para uma mezuzá." (b. Berachot 47a)
" Certamente que a razão do Talmud afirmar tal coisa está no fato de que
a mitsvá (mandamento) era interpretada de forma diferente por outros grupos.
De fato, nem mesmo o Beit HaMikdash (Templo) possuía mezuzot rabínicas,
exceto nas alas frequentadas pelos próprios pʼrushim (fariseus), conforme
atesta o Talmud:
"Nossos rabinos ensinavam: Todas as câmaras no Santuário não tinham
mezuzá, com a exceção da câmara dos conselheiros, pois nela era a
residência do sumo sacerdote. Acaso não havia um número de câmaras no
Santuário que tinham compartimento para residência e não tinham
mezuzá?" (b. Yomá 10a)
VII - A Mitsvá e Outros Grupos Israelitas
" Sempre é importante compreender que não se deve reinventar a roda.
Tudo o que é feito precisa encontrar respaldo histórico. Se, conforme
concluímos através da leitura, a prática bíblica era a de se escrever os Asseret
HaDibrot (Dez Ditos/“Mandamentos”) nos umbrais das portas, então algum
resquício dessa prática deve ser encontrado - quer preservado na prática de
algum grupo israelita atual, quer através de evidências e achados arquelógicos.
" E a resposta é afirmativa: Temos sim evidências disso. Começaremos
com os grupos atuais, e em seguida falaremos acerca dos grupos históricos
1) Os Samaritanos
" Os samaritanos preservaram essa prática, e até hoje a chamada
“mezuzá samaritana” pode ser vista nos seus lares em Israel. Sobre essa
prática, o acadêmico judeu Dr. Alexander Poltorak afirma:
! "Os samaritanos, que não aceitam a tradição oral,
não requerem que uma mezuzá seja afixada ao umbral. Às
vezes eles afixam uma pedra com os Dez Mandamentos
ou Dez Ditos… sobre a verga da entrada principal de sua
casa, ou a colocam próxima às entradas." (Dr. Alexander
Poltorak, "A Light unto My Path -- A Mezuzah Anthology)
"
" A prática samaritana pode ser vista na foto ao lado.
Os escritos são postos na parte superior dos umbrais da
casa.
" Todavia, o fato único dos samaritanos adotarem tal
prática não nos é suficiente em termos de comprovação.
Mas, as confirmações não param por aí.
2) Os Caraítas
" Os caraítas são divididos no quesito da mezuzá. Alguns acreditam que,
como o texto sobre tefilin é claramente alegórico e simbólico, então a mezuzá
também deve ser. Vimos que essa leitura não procede, dada a ausência de uso
do termo “mezuzá” de forma simbólica nas Escrituras, e dada o uso anterior da
mezuzá (umbral) para o rito do cordeiro do Pessach.
" Alguns grupos caraítas, especialmente no Oriente Médio, todavia,
também compreendem a mitsvá (mandamento) como sendo literal, e também
afixam os Asseret HaDibrot (Dez Ditos/“Mandamentos”) nos umbrais.
" Sobre esse hábito, o historiador Mikhail Kizilov escreve:
! "Os recém-modernos caraítas da Criméia e da Lituânia do século
dezenove não seguiam a mitsvá de afixarem a mezuzá em absoluto. No Leste
próximo, os caraítas locais afixavam em seus umbrais uma versão breve dos
Dez Mandamentos." (Mikhail Kizilov, "The Karaites of Galicia: An Ethoreligious
Minority among the Ashkenazim")
! Uma obra que relata a etnografia da região do Oriente Médio também
observou o costume caraíta. Embora tenha-o classificado como “forma
modificada”, tendo em vista o costume judaico tradicional. O importante, para
nós, é a confirmação da prática:
"Em Israel, contudo, os caraítas desenvolveram uma
forma modificada (sic) de mezuzá na forma dos Dez
Mandamentos." (Encyclopaedic Ethnography of Middle-
East and Central Asia: A-I, Volume 1)
Ao lado, uma imagem ilustra o exemplo da mezuzá
caraí ta, de uma sinagoga em Yerushalayim
(Jerusalém), extraída da obra “Jewish History and You”,
de Sol Scharfstein.
3) Na Antiguidade: Os Judeus de Alexandria
" Os judeus de Alexandria também mantiveram a prática de inscrever os
Asseret HaDibrot (Dez Ditos/“Mandamentos”) nos umbrais de suas casas. Para
eles, a prática de anexar um amuleto com pergaminho ao umbral também era
desconhecida. Podemos ver isso pelo testemunho de Filon:
" “Isto deve ser suficiente de dizer, sendo de fato tudo o que sou capaz de
avançar, acerca das leis que sustentam no apetite e desejo para suprirem todo
o corpo dos Dez Mandamentos, e das injunções subordinadas neles contidas...
Além disso, ele ordena que aqueles que escreveram tais coisas devem
posteriormente afixá-las a cada casa pertencente a um amigo, e aos portões
que estão dentro de suas muralhas; para que todo o povo, quer entrando ou
saindo, quer cidadãos ou estrangeiros, lendo a escritura assim afixada nos
pilares perante os portões, possa ter uma incessante lembrança de tudo o que
deve ser dito, ou que deve ser feito; e que cada um deve cuidar para que não
cometa nem sofra injúria; e que todas as pessoas, quer adentrando suas casas
ou delas saindo, homens e mulheres, crianças e servos, possam fazer tudo o
que apropriado e adequado uns para com os outros, e a si próprios."
(Filon, As Leis Especiais 4:25:132-4:26:142)
" O texto inicial (antes dos três pontos) é apenas para ilustrar o contexto
do que Filon estava dizendo. Exatamente como nós concluímos, Filon afirma
que os Asseret HaDibrot (Dez Ditos/“Mandamentos”) eram uma espécie de
compêndio da Torá, e que o restante da Torá dependia diretamente dessas
categorias estabelecidas.
" Pela narrativa de Filon, fica claro não apenas que o conteúdo eram os
Asseret HaDibrot, como também é possível perceber que o objetivo da mitsvá
(mandamento) era que as leis fossem lidas por aqueles que se achegassem ao
local. Tanto que Filon afirma que elas seriam uma lembrança de “tudo o que
deve ser dito” e de “tudo o que deve ser feito.” Algo que pressupõe um
conteúdo de leis (o que diverge da prática farisaica) - e que o contexto deixa
claro serem os Asseret HaDibrot. E algo que pressupõe que as pessoas fosse
capazes de ler.
" Podemos, portanto, concluir - como de fato concluem os acadêmicos
que avaliam o texto de Filon - que os judeus de Alexandria observavam a
mitsvá (mandamento) exatamente como uma leitura simples e objetiva da Torá
indica.
4) Na Antiguidade: Os Israelitas da Diáspora
" Nem todos sabem, mas existem indícios de presença israelita no
continente americano, muito anterior à sua “descoberta oficial.” Tal fato, que era
conhecido por judeus desde tempos bastante remotos, é parte da profecia de
que Israel seria disperso pelos quatro cantos do mundo.
" Menos conhecido ainda
é o fato de que alguns
remanescentes arqueológicos
se encontram nas Américas.
Um dos mais importantes
deles é a chamada pedra de
Los Lunas.
Ao lado, uma imagem da
pedra de Los Lunas, no
México.
" Escrita em paleohebraico,
a pedra de Los Lunas contém justamente os Asseret HaDibrot (Dez
Ditos/“Mandamentos”) escritos de forma ligeiramente abreviada.
" Estudada por um acadêmico de culturas e línguas antigas, o judeu
Cyrus Herzl Gordon, a conclusão é de que se tratava de uma mezuzá. Sobre
isso, William Marder escreve:
" "Em 1995 Cyrus Gordon propôs que o decálogo de los Lunas é, na
realidade, uma mezuzá samaritana. (sic) A mezuzá judaica familiar é um
pequeno pergaminho que é colocado em um pequeno compartimento montado
na entrada de uma casa. A antiga mezuzá samaritana, por sua vez, era
commumente uma grande placa de pedra colocada próxima à entrada de uma
propriedade ou sinagoga, e contendo uma versão resumida do Decálogo…
! Em novembro de 1860, David Wyrick de Newark, Ohio, encontrou o
Decálogo de Newark/Ohio inscrito numa pedra num túmulo adjacente à antiga
fortificação de Hopewell. A pedra, inscrita em todos os lados, com uma versão
condensada dos Dez Mandamentos em uma forma peculiar de letras hebraicas
quadradas, pós-exílio… Cyrus Gordon cria que a pedra do Decálogo de
Newark era uma mezuzá samaritana como a pedra do Decálogo de Los
Lunas." (William Marder, "Indians in the Americas: the Untold Story")
" O texto também menciona uma outra pedra,
encontrada em Newark, que também contém o
Decálogo (em forma ainda mais reduzida). Ao
lado, uma imagem de um fragmento da pedra de
Newark.
!
! A conclusão de Gordon baseava-se no hábito samaritano de que
falamos anteriormente. Todavia, Gordon cometeu um importante equívoco ao
concluir que essa mezuzá era de origem samaritana.
" O fato é que os Asseret HaDibrot (Dez Ditos/“Mandamentos”) na Torá
Samaritana sofreram uma alteração importante. Para justificar que o cerne de
sua fé seria o monte Guerizim, ao invés do monte Tsiyon (Sião), os
samaritanos unificaram dois dos dez ditos, e incluíram nos Asseret HaDibrot a
instrução de adorar a Elohim no monte Guerizim.
" Fosse essa uma mezuzá de origem samaritana, essa recomendação ao
monte Guerizim estaria presente, indubitavelmente. Seria inconcebível uma
mezuzá samaritana não conter esse trecho. Todavia, a pedra de Los Lunas não
traz tal referência. Em outras palavras, essa é uma mezuzá de origem israelita,
porém de outro grupo, que não os samaritanos.
" Abaixo, uma tradução do texto da pedra de Los Lunas:
"Eu sou YHWH tue Elohim que te tirou da terra do Egito, da casa da
escravidão.
Não deverá haver outros deuses perante a minha face.
Não farás nenhum ídolo. Não tomarás o nome de YHWH em vão.
Lembra-te do Shabat e o santifica.
Honra teu pai e tua mãe para se prolonguem os teus dias na terra que YHWH
teu Elohim te deu.
Não assassinarás.
Não adulterarás.
Não roubarás.
Não darás falso testemunho contra teu próximo.
Não desejarás a esposa de teu próximo nem nada do que é dele."
(Decálogo de Los Lunas)
" A abreviação do texto é perfeitamente compreensível, visto que talhar
algo em pedra não é tão trivial quanto escrever a tinta. É provável que nos
tempos antigos, os israelitas de um modo geral fizessem uso desse recurso.
" Como se pode ver, a mitsvá (mandamento) conforme a leitura simples
da Torá especifica era prática amplamente difundida em Israel, antes da
normatização rabínica sobre a prática farisaica, muitos séculos depois. Até
hoje, grupos que não seguem a tradição rabínica a praticam da forma bíblica.
VIII - Tefilin x Mezuzá: Resumo
" No artigo sobre tefilin, demonstramos como a suposta mitsvá
(mandamento) acerca de tefilin nada mais era do que um texto figurativo da
Torá, tirado de seu contexto, e usado para justificar a criação de um amuleto.
" Neste artigo, demonstramos a diferença entre o tefilin e a mezuzá nesse
particular. Deixamos clara a razão pela qual o texto que supostamente se
referiria ao tefilin na realidade é simbólico, e o porquê no caso da mezuzá é
diferente.
" Todavia, como os argumentos estão distribuídos ao longo de várias
páginas, para facilitar a vida do leitor, abaixo apresentamos um resumo dos
principais pontos. É preciso que já se tenha lido o material sobre tefilin para
compreender o quadro abaixo:
Mezuzá Tefilin
Versículos usados para
embasar a prática
2
(Dt. 6; Dt 11)
4
(Ex. 13 (2), Dt. 6, Dt. 11)
Dos acima, quantos
estão fora do contexto?
Nenhum 2
(Ex. 13 (2))
Dos acima, quantos são
claramente simbólicos?
Nenhum 3
(Ex. 13 (2), Dt. 11)
Uso simbólico das
expressões no Tanach?
Não Sim
(Pr.1:8-9, 3:1-3, 7:2-3, etc.)
Uso literal em outro
contexto ritual?
Sim
(Ex. 12)
Não
Comprovadamente
usado por grupos de
origem não-farisaica?
Sim
(alguns caraítas, judeus de
Alexandria, samaritanos, israelitas
da diáspora)
Não
Possui propósito
não-místico?
Sim
(servir de leitura)
Não
" Como podemos perceber, existe uma enorme diferença entre a prática
do tefilin e a prática bíblica de escrever os Asseret HaDibrot (Dez
Ditos/“Mandamentos”) nos umbrais.
" O detalhamento dos argumentos supracitados é encontrado ao longo
tanto deste material, quanto do estudo sobre tefilin. O objetivo da tabela é ser
apenas um breve resumo para auxiliar o leitor a ter uma visão global, e assim
compreender o porquê em um caso a prática é literal, e no outro não.
IX - Em que local?
" Uma pergunta que o leitor certamente se fará é: Onde escrever os
Asseret HaDibrot (Dez Ditos/“Mandamentos”). A Torá afirma que deve ser “al
mezuzot beitecha uvisheareacha.” Ou seja, sobre os umbrais de tua casa e nos
teus portões.
""""""""""Dos dois grupos modernos que praticam o uso da mezuzá da forma
bíblica, os samaritanos entendem “al mezuzot” como “acima dos umbrais”, ao
invés de “sobre os umbrais.” E por isso a colocam sempre na parte de cima dos
umbrais. Essa visão não é partilhada por aqueles dentre os caraítas que
cumprem essa mitsvá (mandamento) literalmente. Esses últimos entendem que
o termo “ על ” (al) indica “sobre” e não necessariamente “acima”, e afixam nas
laterais, ao invés de no topo.
" No hebraico, o termo pode ser entendido tanto de uma forma quanto de
outra. Vejamos portanto um exemplo da Torá.
" A Torá confirma que a leitura correta é a lateral, pois em Shemot (Êxodo)
12:7 há uma diferenciação entre mezuzot (umbrais) e o lintel (mashkof):
! “E tomarão do sangue, e pô-lo-ão em ambas as ombreiras (mezuzot), e
na verga (mashkof) da porta, nas casas em que o comerem.”
" Ou seja, as mezuzot são os umbrais laterais, e não o umbral do topo da
porta. Isso faz sentido, porque a idéia é a de que sejamos capazes de ler os
Asseret HaDibrot (Dez Ditos/“Mandamentos”) ao adentrarmos ou saírmos de
um local. Se a Torá recomendasse que os escritos ficassem no topo, tornar-seiam
ilegíveis em algumas circunstâncias.
" Vimos historicamente diferentes formas de escrever. Alguns talhavam na
pedra, outros na madeira, outros utilizavam argila. Enfim, não há uma
especificação da Torá sobre a forma. O importante é que os Asseret HaDibrot
sejam escritos em nossos umbrais.
X - Definindo quais Umbrais
" Existe ainda uma questão controversa acerca de que umbrais deve-se
escrever os Asseret HaDibrot (Dez Ditos/“Mandamentos”).
" Essa questão, nos tempos bíblicos, não era controversa. Sempre que a
Torá falava em “mezuzot”, referia-se à entrada de uma casa. Como podemos
ver no próprio contexto de Shemot (Êxodo) 12:22-23, que diz:
“Tomai um molho de hissopo, molhai-o no sangue que estiver na bacia e
marcai a verga da porta e suas ombreiras com o sangue que estiver na bacia;
nenhum de vós saia da porta da sua casa até pela manhã. Porque YHWH
passará para ferir os egípcios; quando vir, porém, o sangue na verga da
entrada [petach] e em ambas as ombreiras, passará YHWH aquela porta e não
permitirá ao Destruidor que entre em vossas casas, para vos ferir.”
" O texto acima trata as mezuzot especificamente como os umbrais da
entrada de uma casa, e não como acesso a cômodos. Tanto que afirma que os
israelitas não deveriam sair das portas de suas casas. O sangue do cordeiro
era posto sobre os umbrais da entrada da casa, e não em cada cômodo. Tanto
que a Torá utiliza o termo “petach”, que embora seja traduzido como “porta” em
algumas bíblias, na realidade significa literalmente “entrada.” Ou seja, isso só
reforça a idéia da entrada da casa.
" Analogamente, quando a Torá diz “al mezuzot beitecha” (sobre os
umbrais de vossa casa) podemos concluir que essa mitsvá (mandamento) de
fato se refere à entrada (ou às entradas) de uma casa, e não a cômodos
internos. Até porque, nas casas e tendas primitivas, não havia o grau de
complexidade de divisão de cômodos, com batentes, umbrais e portas, tal
como se tem hoje. As mezuzot (umbrais) eram, de fato, a própria entrada (ou,
em alguns casos, as entradas) das casas.
" Em todos os casos em que o termo “mezuzá” (ou derivativos) aparece
no Tanach (Primeiro Testamento), o contexto indica a entrada de uma casa. E
em um lugar, “mezuzá” chega a ser usado como sinônimo para a entrada da
casa:
“Filho do homem, este é o lugar do meu trono, e o lugar das plantas dos meus
pés, onde habitarei no meio dos filhos de Israel para sempre; os da casa de
Israel não contaminarão mais o meu nome santo, nem eles nem os seus reis,
com as suas prostituições e com o cadáver dos seus reis, nos seus
monumentos, pondo o seu limiar junto ao meu limiar e a sua ombreira
[mezuzá], junto à minha ombreira [mezuzá], e havendo uma parede entre mim
e eles. Contaminaram o meu santo nome com as suas abominações que
faziam; por isso, eu os consumi na minha ira.” (Yehezkel/Ezequiel 43:7-8)
" Portanto, podemos concluir pelo próprio Tanach (Primeiro Testamento),
que na linguagem do hebraico antigo, “mezuzá” se referia contextualmente não
a qualquer umbral, mas sim aos umbrais (ou ombreiras) das entradas das
casas. Isso confirma o nosso entendimento sobre a mitsvá (mandamento) ser
aplicável à entrada (ou entradas) de nossas casas.
" Mas, existe alguma confirmação desse entendimento na literatura
judaica? A resposta é afirmativa.
" O Talmud confirma que a tese de que a mitsvá (mandamento) fosse
extensiva a cada cômodo é rabínica. Nos tempos antigos, os rabinos não
compreendiam que todos os aposentos requeriam “mezuzot”:
" "Todos os portões [a ala leste] não tinham mezuzá, com exceção do
portão de Nicanor, na qual a câmara dos conselheiros era situada.
Aparentemente este ensinamento está de acordo com os rabinos e não com R.
Judá. Pois se fosse pela opinião do R. Judá [certamente] ele mantém que [a
mezuzá em cada aposento] propriamente dita é apenas uma ordem rabínica,
devemos dar ordens de medidas preventivas para guardar outra medida
preventiva?" (b. Yomá 11a)
XI - Casas e Portões"
" O texto se encerra dizendo “uvishearecha” (e nos teus portões.) Por que
a Torá diz isso? O entendimento é unânime entre todos os que crêem que essa
mitsvá (mandamento) seja literal: os portões referem-se a toda e qualquer
construção que não seja uma casa.
" Em outras palavras, se algum israelita tiver outro estabelecimento que
não seja uma casa, deve também colocar as palavras dos Asseret HaDibrot
(Dez Ditos/“Mandamentos”) nos umbrais desse local. Isso é válido para
congregações, sinagogas, estabelecimentos comerciais, etc.
" Mais uma vez, a exemplo do que ocorre nas casas, não é necessário
que se faça tal coisa em cada cômodo, mas sim nos umbrais das portas de
acesso.
XII - Uma Lição Importante
" Poucos se dão conta da importante lição que Yeshua nos deixa acerca
dessa passagem do Shemá e dos Asseret HaDibrot (Dez Ditos/
“Mandamentos”).
" Compare as duas passagens abaixo:
“Amarás, pois, a YHWH teu Elohim de todo o teu coração, e de toda a tua
alma, e de todas as tuas forças.” (Devarim/Deuteronômio 6:5)
“Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua
alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças...”
(Marcus 12:30)
" Por que Yeshua acrescenta a expressão “de todo o teu entendimento”?
Será que Yeshua estaria fazendo um acréscimo à Torá?
" Na realidade não, mas Yeshua estava enfatizando uma lição
preciosíssima. Quando a Torá fala “de todo o coração”, é preciso lembrarmos
que no jargão israelita, a expressão “coração” não representava apenas o
centro das emoções, mas também de nossos pensamentos.
" Sendo assim, quando a Torá afirma “de todo o teu coração”, isso já
incluiria o “de todo o teu entendimento.”
" Todavia, na época, os pʼrushim (fariseus) já levavam o povo a muitos
ritos que eram realizados de forma mecânica, e sem que houvesse ênfase na
compreensão da mitsvá (mandamento.)
" Ou seja, não basta recitar o Shemá, ou escrever as mitsvot
(mandamentos) nos umbrais. Yeshua está nos ensinando que é muito
importante que tenhamos a total compreensão do que estamos fazendo. Ou
seja, a frase de Yeshua enfatiza um ponto da Torá que ficou esquecido.
" De todo o coração indica que nossos pensamentos e emoções devem
ser governados pelas palavras da Torá. De toda a nossa alma não é a melhor
tradução, pois “nefesh” tem o sentido de “vida” no hebraico bíblico. Sendo
assim, devemos também entender que a Torá precisa estar no centro das
nossas vidas, em termos de prática e de importância. E de toda a tua força
significa que devemos nos esforçar ao máximo para andarmos segundo a
vontade dEle.
" Como se pode ver, o entendimento é parte fundamental da mitsvá
(mandamento). Por esta razão, é importante que, ao cumprir essa mitsvá
(mandamento), os Asseret HaDibrot (Dez Ditos/“Mandamentos”), enquanto
compêndio da Torá, sejam escritos em língua que a pessoa seja capaz de ler e
compreender. Caso contrário, corremos o risco de cairmos no erro parush
(farisaico) de mudar o propósito da Torá, criando outro amuleto. Ou seja, se o
leitor deseja escrever em hebraico, por razão de identidade, não há nenhum
problema. Desde que seja capaz de ler o conteúdo. Essa é a recomendação
que se faz, baseada no entendimento do propósito da mitsvá (mandamento), e
da lição deixada por Yeshua.
" O hebraico, e a nossa identidade israelita, são muito importantes, e não
devemos menosprezá-los jamais. Todavia, é preciso saber o limite e o grau
adequado de importância que se dá a cada elemento da fé. E isso inclui saber
que a total compreensão está acima de qualquer coisa. Já que a fé vem pelo
ouvir, a compreensão é a base de tudo.
XII - Conclusão
" Abaixo, apresentamos um resumo dos principais pontos aqui abordados:
✓ Originalmente, a mitsvá (mandamento) da mezuzá se referia aos
Asseret HaDibrot (Dez Ditos/“Mandamentos”)
✓ Originalmente, a mitsvá (mandamento) se referia a ter um texto visível,
que pudesse ser lido. Isto é, há um propósito claro e não-místico para a
mitsvá (mandamento.)
✓ A mitsvá (mandamento) é claramente literal, diferentemente das
passagens que alguns supõem se referirem ao amuleto do tefilin.
✓ Diversos grupos, tanto históricos quanto atuais, a praticavam e a
praticam da forma original.
✓ Os pʼrushim (fariseus) transformaram esta mitsvá (mandamento) num
amuleto.
✓ Desde os tempos antigos, e até hoje, os pʼrushim (fariseus) atribuem
poderes mágicos à sua mezuzá/amuleto.
✓ A mezuzá tradicional não é adequada porque, além de não conter o
texto certo, não é visível, é baseada em um amuleto babilônio, e na
maioria das vezes contém no seu verso invocações cabalistas
estranhas à fé bíblica.
✓ Originalmente, a mitsvá (mandamento) se referia aos umbrais de
acesso à casa. A idéia de estender a cada cômodo é acréscimo
rabínico.
✓ Além de nossos lares, devemos também escrever os Asseret HaDibrot
(Dez Ditos/“Mandamentos”) em outros estabelecimentos.
XIII - Recomendações Finais
! Se alguém deseja auxílio para cumprir esta mitsvá (mandamento), siga
as quatro recomendações básicas abaixo.
1. Utilize uma das versões abaixo, da sua preferência, de acordo com o
espaço que tiver.
2. Se você é capaz de ler hebraico (moderno ou paleo-hebraico), fique à
vontade para imprimí-la na língua sagrada. Lembre-se, contudo, que o
entendimento da mensagem é parte da mitsvá (mandamento),
conforme instrução do próprio Mashiach.
3. Utilize o material que desejar para escrever os Asseret HaDibrot (Dez
Ditos/“Mandamentos”), pois o importante é a mensagem, e não o
material.
4. Mantenha os Asseret HaDibrot em local visível. Eles servirão de
testemunho não apenas para você, mas para todos os que baterem à
sua porta.
"
XIV - Adendo: Textos para as Mezuzot (Umbrais)
" Escolha um dos abaixo, conforme sua preferência. Todos servem para
cumprir a mitsvá (mandamento), sendo a primeira a versão mais longa, a
segunda uma versão média, e a terceira e última uma versão abreviada.
" O nome do Eterno aparece escrito com a fonte PaleoBora, para que
possa ser escrito na sua forma original. Nos tempos antigos, mesmo em textos
traduzidos (como nas primeiras cópias da Septuaginta), os israelitas
mantinham o Nome do Eterno na sua forma original, de maneira a honrá-Lo.
" Quem tiver alguma dificuldade de visualização deve buscar auxílio para
instalar a fonte em questão.
1) Versão Extensa
Ouve, ó Israel, os estatutos e juízos que hoje vos falo aos ouvidos, para que os
aprendais e cuideis em os cumprirdes;
Eu sou hwhy teu Elohim que te tirei do Egito, da casa da servidão. Não terás
outros deuses diante de mim;
Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em
cima no céu, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra; não as
adorarás, nem lhes darás culto; porque eu, hwhy teu Elohim, sou Elohim
zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta
geração daqueles que me aborrecem, e faço misericórdia até mil gerações
daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos;
Não tomarás o Nome de hwhy teu Elohim em vão, porque hwhy não terá por
inocente o que tomar o seu nome em vão;
Guarda o dia de Shabat, para o santificar, como te ordenou hwhy teu Elohim.
Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o Shabat de
hwhy teu Elohim; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a
tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu boi, nem o teu jumento,
nem animal algum teu, nem o estrangeiro das tuas portas para dentro, para
que o teu servo e a tua serva descansem como tu; porque te lembrarás que
foste servo na terra do Egito e que hwhy teu Elohim te tirou dali com mão
poderosa e braço estendido; pelo que hwhy teu Elohim te ordenou que
guardasses o dia de Shabat;
Honra a teu pai e a tua mãe, como hwhy teu Elohim te ordenou, para que se
prolonguem os teus dias e para que te vá bem na terra que hwhy teu Elohim
te dá;
Não assassinarás;
Não adulterarás;
Não furtarás;
Não dirás falsidade contra o teu próximo.
Não cobiçarás a mulher do teu próximo. Não desejarás a casa do teu próximo,
nem o seu campo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o
seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.
Estas palavras falou hwhy a toda a vossa congregação no monte, do meio do
fogo, da nuvem e da escuridade, com grande voz, e nada acrescentou. Tendoas
escrito em duas tábuas de pedra, deu-mas a mim.
Estes, pois, são os mandamentos, os estatutos e os juízos que mandou hwhy
teu Elohim se te ensinassem, para que os cumprisses na terra a que passas
para a possuir; para que temas a hwhy teu Elohim, e guardes todos os seus
estatutos e mandamentos que eu te ordeno, tu, e teu filho, e o filho de teu filho,
todos os dias da tua vida; e que teus dias sejam prolongados;
Ouve, pois, ó Israel, e atenta em os cumprires, para que bem te suceda, e
muito te multipliques na terra que mana leite e mel, como te disse hwhy Elohim
de teus pais;
Ouve, Israel, hwhy nosso Elohim, hwhy é um;
Amarás, pois, hwhy teu Elohim, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de
toda a tua força. Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu
as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando
pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. Também as atarás como sinal na
tua mão, e te serão por frontal entre os olhos. E as escreverás nos umbrais de
tua casa e nas tuas portas.
2) Versão Média
Eu sou hwhy teu Elohim que te tirei do Egito, da casa da servidão. Não terás
outros deuses diante de mim;
Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em
cima no céu, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra; não as
adorarás, nem lhes darás culto; porque eu, hwhy teu Elohim, sou Elohim
zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta
geração daqueles que me aborrecem, e faço misericórdia até mil gerações
daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos;
Não tomarás o Nome de hwhy teu Elohim em vão, porque hwhy não terá por
inocente o que tomar o seu nome em vão;
Guarda o dia de Shabat, para o santificar, como te ordenou hwhy teu Elohim.
Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o Shabat de
hwhy teu Elohim; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a
tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu boi, nem o teu jumento,
nem animal algum teu, nem o estrangeiro das tuas portas para dentro, para
que o teu servo e a tua serva descansem como tu; porque te lembrarás que
foste servo na terra do Egito e que hwhy teu Elohim te tirou dali com mão
poderosa e braço estendido; pelo que hwhy teu Elohim te ordenou que
guardasses o dia de Shabat;
Honra a teu pai e a tua mãe, como hwhy teu Elohim te ordenou, para que se
prolonguem os teus dias e para que te vá bem na terra que hwhy teu Elohim
te dá;
Não assassinarás;
Não adulterarás;
Não furtarás;
Não dirás falsidade contra o teu próximo.
Não cobiçarás a mulher do teu próximo. Não desejarás a casa do teu próximo,
nem o seu campo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o
seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.
3) Versão Curta
"Eu sou hwhy teu Elohim que te tirou da terra do Egito, da casa da escravidão.
Não terás outros deuses diante de mim.
Não farás nenhum ídolo. Não tomarás o nome de hwhy em vão.
Lembra-te do Shabat e o santifica.
Honra teu pai e tua mãe para se prolonguem os teus dias na terra que hwhy
teu Elohim te deu.
Não assassinarás.
Não adulterarás.
Não roubarás.
Não darás falso testemunho contra teu próximo.
Não desejarás a esposa de teu próximo nem nada do que é dele.
Ouve, Israel, hwhy nosso Elohim, hwhy é um; Amarás, pois, hwhy teu
Elohim, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força."
4) Adendo Opcional com as Palavras de Yeshua:
" Se alguém desejar, pode acrescer a uma das versões supracitadas as
palavras de Yeshua, quer após o texto integral, ou em substituição ao
parágrafo de início semelhante (ie. “Ouve, Israel...”) Abaixo, seguem as
palavras de Yeshua, extraídas de Marcus 12:29-30, com o Nome de YHWH em
sua forma original:
E disse Yeshua: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, hwhy
nosso Elohim, hwhy é um; Amarás, pois, a hwhy teu Elohim de todo o teu
coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as
tuas forças.
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