quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

A MENTIRA DA IMORTALIDADE ALMA

A idéia se introduz no judaísmo, na cristandade e no islamismo

“Religião é, entre outras coisas, uma maneira de fazer as pessoas se resignarem com o fato de que algum dia terão de morrer, seja com a promessa de uma vida melhor no além, seja com o renascimento, ou com ambos.” — GERHARD HERM, AUTOR ALEMÃO.

AO FAZEREM a promessa de haver vida após a morte, praticamente todas as religiões dependem da crença de que o homem tem uma alma que é imortal e que, na morte, ela viaja para outro domínio ou transmigra para outra criatura. Conforme mencionado na seção anterior, a crença na imortalidade humana tem sido parte integrante das religiões orientais desde o seu começo. Mas que dizer do judaísmo, da cristandade e do islamismo? Como se tornou este ensino um ponto central dessas crenças?

O judaísmo absorve conceitos gregos

2 As raízes do judaísmo remontam a uns 4.000 anos, ao tempo de Abraão. Os escritos sagrados hebraicos tiveram início no século 16 AEC e estavam completos na época em que Sócrates e Platão deram forma à teoria da imortalidade da alma. Será que essas Escrituras ensinam a imortalidade da alma?

3 A Encyclopaedia Judaica responde: “Somente no período pós-bíblico é que a crença firme e clara na imortalidade da alma se estabeleceu . . . e se tornou um dos fundamentos das crenças judaica e cristã.” Ela declara também: “No período bíblico, a pessoa era considerada como um todo. De modo que a alma não era nitidamente diferenciada do corpo.” Os judeus primitivos criam na ressurreição dos mortos, e isto “deve ser distinguido da crença [na] imortalidade da alma”, salienta esta enciclopédia.

4 Então, como se tornou esta doutrina “um dos fundamentos” do judaísmo? A História fornece a resposta. Em 332 AEC, Alexandre, o Grande, conquistou grande parte do Oriente Médio numa vitória rápida. Quando ele chegou a Jerusalém, os judeus o acolheram de braços abertos. Segundo o historiador judeu Flávio Josefo, do primeiro século, eles até lhe mostraram a profecia do livro de Daniel, escrita mais de 200 anos antes, que descreve claramente as conquistas de Alexandre no papel de “o rei da Grécia”. (Daniel 8:5-8, 21) Os sucessores de Alexandre levaram avante seu plano de helenização, permeando todas as partes do império com a língua, a cultura e a filosofia gregas. A fusão das duas culturas — a grega e a judaica — foi inevitável.

5 No começo do terceiro século AEC, foi iniciada a primeira tradução das Escrituras Hebraicas para o grego, chamada de Septuaginta. Por meio dela, muitos gentios passaram a respeitar a religião judaica e a familiarizar-se com ela, alguns até mesmo se convertendo. Os judeus, por outro lado, tornaram-se entendidos no pensamento grego, e alguns se tornaram filósofos, algo inteiramente novo para eles. Filo de Alexandria, do primeiro século EC, foi um de tais filósofos judeus.

6 Filo reverenciava Platão e se esforçava a explicar o judaísmo em termos da filosofia grega. “Por criar uma síntese ímpar de filosofia platônica e tradição bíblica”, diz o livro Heaven—A History (Céu — Uma História), “Filo preparou o caminho para posteriores pensadores cristãos [bem como judeus]”. E qual era a crença de Filo a respeito da alma? O livro prossegue: “Para ele, a morte restabelece a alma no seu estado pré-natal, original. Visto que a alma pertence ao mundo espiritual, a vida no corpo torna-se nada mais do que um episódio breve, muitas vezes desafortunado.” Outros pensadores judeus, que criam na imortalidade da alma, incluíam Isaac Israeli, bem-conhecido médico judeu do décimo século, e Moisés Mendelssohn, filósofo judeu-alemão do século 18.

7 Um livro que também influenciou profundamente as idéias e a vida dos judeus é o Talmude — um resumo escrito, com posteriores comentários e explicações, da chamada lei oral, compilado por rabinos a partir do segundo século EC até a Idade Média. “Os rabinos do Talmude”, diz a Encyclopaedia Judaica, “criam na existência continuada da alma após a morte”. O Talmude até mesmo fala de os mortos contatarem os vivos. “Provavelmente pela influência do platonismo”, diz a Encyclopædia of Religion and Ethics (Enciclopédia de Religião e Ética), “[os rabinos] criam na preexistência das almas”.

8 Posterior literatura judaica mística, a Cabala, vai até ao ponto de ensinar a reencarnação. Sobre esta crença diz The New Standard Jewish Encyclopedia (Nova Enciclopédia Judaica Padrão): “A idéia parece ter-se originado na Índia. . . . Na Cabala ela se apresenta pela primeira vez no livro Bahir, e depois, de Zohar em diante, foi comumente aceita por místicos, desempenhando um papel importante na crença e na literatura do hassidismo.” No Israel atual, a reencarnação é amplamente aceita como ensino judaico.

9 Portanto, a idéia da imortalidade da alma foi introduzida no judaísmo através da influência da filosofia grega, e o conceito é hoje aceito pela maioria das suas facções. O que se pode dizer a respeito da introdução desse ensino na cristandade?

A cristandade adota as idéias de Platão

10 O cristianismo genuíno começou com Cristo Jesus. A respeito de Jesus, Miguel de Unamuno, eminente erudito espanhol do século 20, escreveu: “Ele cria na ressurreição da carne, à maneira judaica, não na imortalidade da alma, à maneira platônica [grega]. . . . Podem-se ver as provas disso em qualquer livro de interpretação honesto.” Ele concluiu: “A imortalidade da alma . . . é um dogma filosófico pagão.”

11 Quando e como é que este “dogma filosófico pagão” se infiltrou no cristianismo? A New Encyclopædia Britannica salienta: “A partir de meados do 2.° século AD, os cristãos que tinham conhecimentos de filosofia grega passaram a sentir necessidade de expressar a sua fé em termos desta, tanto para a sua própria satisfação intelectual como para converter pagãos instruídos. A filosofia que mais lhes convinha era o platonismo.”

12 Dois desses antigos filósofos exerceram muita influência sobre as doutrinas da cristandade. Um deles foi Orígenes de Alexandria (c. 185-254 EC), e o outro, Agostinho de Hippo (354-430 EC). Sobre eles diz a New Catholic Encyclopedia: “Apenas com Orígenes no Oriente e com S. Agostinho no Ocidente, é que a alma foi estabelecida como substância espiritual e se formou um conceito filosófico da sua natureza.” Em que base formularam Orígenes e Agostinho seus conceitos sobre a alma?

13 Orígenes foi discípulo de Clemente de Alexandria, que foi “o primeiro dos Pais que explicitamente adotou a tradição grega referente à alma”, diz a New Catholic Encyclopedia. As idéias de Platão sobre a alma devem ter influenciado profundamente a Orígenes. “[Orígenes] introduziu na doutrina cristã todo o drama cósmico da alma, que ele adotou de Platão”, observou o teólogo Werner Jaeger em The Harvard Theological Rewiew.

14 Agostinho é encarado por alguns na cristandade como o maior pensador da antiguidade. Antes de se converter ao “cristianismo” à idade de 33 anos, Agostinho tinha profundo interesse na filosofia e se tornara neoplatônico. Depois da sua conversão, continuou neoplatônico no seu modo de pensar. “Sua mente foi o cadinho em que a religião do Novo Testamento foi mais completamente fundida com a tradição platônica de filosofia grega”, diz The New Encyclopædia Britannica. A New Catholic Encyclopedia admite que a “doutrina [da alma, por parte de Agostinho], que até os fins do século 12 se tornou padrão no Ocidente, deve muito . . . ao neoplatonismo”.

15 No século 13, os ensinos de Aristóteles ficaram populares na Europa, na maior parte pela disponibilidade em latim das obras de eruditos árabes que haviam comentado extensamente os escritos de Aristóteles. Um erudito católico, de nome Tomás de Aquino, ficou profundamente impressionado com o pensamento aristotélico. Por causa dos escritos de Aquino, os conceitos de Aristóteles exerceram maior influência sobre o ensino da Igreja do que os de Platão. Esta tendência, porém, não afetou o ensino da imortalidade da alma.

16 Aristóteles ensinava que a alma estava inseparavelmente ligada ao corpo e não continuava a ter existência individual após a morte, e que, se existia algo eterno no homem, era o intelecto abstrato, impessoal. Esta maneira de encarar a alma não estava em harmonia com a crença da Igreja, de que as almas pessoais sobrevivem à morte. Por isso, Aquino modificou o conceito de Aristóteles sobre a alma, afirmando que a imortalidade da alma pode ser provada pela razão. De modo que a crença da Igreja na imortalidade da alma continuou intacta.

17 Nos séculos 14 e 15, no início da Renascença, reavivou-se o interesse em Platão. A famosa família Médici, na Itália, até mesmo ajudou a fundar uma academia em Florença, para promover o estudo da filosofia platônica. Nos séculos 16 e 17, o interesse em Aristóteles diminuiu. E a Reforma do século 16 não reformou o ensino a respeito da alma. Embora os Reformadores protestantes se opusessem ao ensino do purgatório, aceitaram a idéia de punição ou recompensa eternas.

18 De modo que o ensino da imortalidade da alma prevalece na maioria das denominações da cristandade. Observando isso, um erudito norte-americano escreveu: “A religião, de fato, para a grande maioria da nossa própria raça, significa imortalidade, e nada mais. Deus é o produtor da imortalidade.”

A imortalidade e o islamismo

19 O islamismo começou com a chamada de Maomé para ser profeta, quando tinha cerca de 40 anos. Os muçulmanos crêem em geral que ele recebeu revelações durante um período de uns 20 a 23 anos, desde por volta de 610 EC até à sua morte em 632 EC. Essas revelações encontram-se registradas no Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos. Na época em que o islamismo veio à existência, o conceito platônico sobre a alma já se tinha infiltrado no judaísmo e na cristandade.

20 Os muçulmanos crêem que sua crença é a culminação das revelações dadas aos fiéis hebreus e cristãos da antiguidade. O Alcorão cita tanto as Escrituras Hebraicas como as Gregas. Mas com respeito ao ensino da imortalidade da alma, o Alcorão diverge desses escritos. O Alcorão ensina que o homem tem uma alma que continua viva após a morte. Ele fala também da ressurreição dos mortos, dum dia de juízo e do destino final da alma — quer vida num celestial jardim paradísico, quer punição num inferno de fogo.

21 Os muçulmanos sustentam que a alma de uma pessoa falecida vai para o Barzakh, ou “Barreira”, “o lugar ou estado em que as pessoas estarão após a morte e antes do Julgamento”. (Surata 23:99, 100, The Holy Qur-an, nota de rodapé.) A alma está consciente, sofrendo ali o que se chama de “Punição do Túmulo”, se a pessoa tiver sido má, ou desfrutando a felicidade se tiver sido fiel. Mas os fiéis também têm de sofrer algum tormento, por causa dos seus poucos pecados cometidos enquanto vivos. No dia do juízo, cada qual encara seu destino eterno, que acaba com esse estado intermediário.

22 A idéia da imortalidade da alma, no judaísmo e na cristandade, surgiu por causa da influência platônica, mas esse conceito fez parte do islamismo desde o início. Isto não quer dizer que eruditos árabes não tenham tentado sintetizar ensinos islâmicos e a filosofia grega. Na realidade, o mundo árabe foi muito influenciado pela obra de Aristóteles. E famosos eruditos árabes, tais como Avicena e Averroés, expuseram e ampliaram o modo de pensar aristotélico. No entanto, na sua tentativa de harmonizar o pensamento grego com o ensino muçulmano sobre a alma, criaram teorias diferentes. Por exemplo, Avicena declarou que a alma da pessoa é imortal. Averroés, por outro lado, argumentou contra este conceito. Apesar destes pontos de vista, a imortalidade da alma continua a ser a crença dos muçulmanos.

23 Portanto, é evidente que o judaísmo, a cristandade e o islamismo ensinam todos a doutrina da imortalidade da alma

Um comentário:

  1. As Evidencias Revelam a Mentira da IMORTALIDADE DA ALMA !... Muito Bem comentado...

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